Hebe, a Estrela do Brasil. Tem pessoas que realmente merecem um filme, e a Hebe definitivamente é uma delas. Uma apresentadora que marcou época e deixou marcas registradas por décadas. Uma pessoa daquelas difíceis de ser substituídas, porque possuem um brilho diferente.
Mas já vou logo avisando, não espere um filme biográfico, como eu esperei. Esse filme não é! A história já começa com Hebe sendo a Hebe que conhecemos, já sendo uma apresentadora amada, aplaudida e respeitada (pelo seu público, é claro! Pois, ela já é odiada pelos políticos nos primeiros segundos de filme).
Hebe – A estrela do Brasil
O filme mostra a vida de Hebe dali em diante. Não existe nenhunzinho flashback ao longo do filme, NADA (lá em baixo deixo meu palpite sobre isso), e confesso que quis muito ver cenas reais da apresentadora.
Cenas que sabemos que com certeza as emissoras têm guardadinhas nos seus arquivos, mas aí, eu entraria no mérito de permissão de uso de uma emissora por outra, enfim… Mas eu acho que eles podiam ter feito uma força!
Ao contrário do que eu pessoalmente esperava o filme fala mais sobre a luta política da apresentadora que sempre se mostrou defensora dos” desprotegidos” pela sociedade: Homossexuais, desempregados, transexuais, pobres, etc. Isso tudo é retratado de forma leve, sem perder a seriedade.
Conseguimos visualizar a Hebe inserida naquele contexto, nitidamente, do jeitinho dela. Inclusive deixo aqui minha admiração ainda maior pela atriz Andréa Beltrão, ela interpretou Hebe de forma impecável! Na verdade todos os atores estavam muito bem preparados e na mesma sintonia.
O que a todo o momento o filme faz questão de mostrar é como Hebe foi uma mulher guerreira, firme, e ao mesmo tempo doce, amorosa, de grande coração e tantos outros adjetivos que não caberiam numa folha.
Ao contrário do que muita gente ainda pensa, ela foi quem foi, por mérito próprio, não pela “ajudinha” de algum homem, porque ninguém vira estrela do Brasil, sem brilho próprio. E já aproveitando o gancho, Hebe viveu uma realidade que é a mesma de muitas mulheres vivem até hoje, a de estar num relacionamento abusivo, possessivo com seu marido, com quem foi casada por 29 anos, até a morte dele. (No filme passa-se a ideia de que haviam se separados, o que poderia ter sido uma vontade de seu filho, relatada no livro “Hebe, A Biografia”) , mas na vida real eles viveram juntos até 2000, quando Lélio sofreu um infarto, e faleceu.
As cenas com o marido são todas sombrias, turvas, obscuras, despertando um desconforto e expectativa de que algo de errado iria acontecer. Já Marcelo, filho de Hebe, obviamente não aceitava e sofria. Não demonstrava nenhum afeto pelo padrasto. (Até o primeiro ataque de ciúmes de Lélio, me parecia muito uma “birra” de adolescente, senti que peguei o “bonde andando”) mas depois foi mais do que justificado.
O desfecho do filme se passa basicamente com Hebe vencendo uma de suas diversas lutas diárias. E confesso que fiquei bastante desapontada com isso.
Prometi meu palpite sobre o porquê de não contarem a história de vida de Hebe. O filme foi produzido pelo globo, com atores globais, diretor global, e essa mesma emissora estão produzidos uma série exclusiva sobre a Hebe, com atriz escalada para ser ela quando jovem, logo, acredito que será realmente contando a história de vida da apresentadora. Mas cá entre nós, um tiro no escuro muito arriscado. Um filme bem feito atrairia muito mais audiência numa época que as pessoas quase não assistem rede aberta mais, mas vamos acompanhar cenas dos próximos capítulos, porque o filme me pareceu uma introdução do que está por vir.
De toda forma, Hebe merecia uma verdadeira homenagem, um filme que mostrasse sua história, sua jornada, sua altivez, sua vida! Não desmereço atuação, nem direção, foi claramente uma escolha de roteiro. Foi a proposta que quiseram passar, e na minha humilde opinião, desperdício de roteiro, de oportunidade, de qualidade e de HISTÓRIA. Porque a história da Hebe sim merecia um filme!
Apesar do meu desapontamento pessoal, Andréa Beltrão conseguiu fechar o filme com chave de ouro, numa cena que provavelmente foi uma das mais difíceis, ela nos passa quem foi Hebe, apenas pelo olhar.
E deixo registrado um incomodo, não houve cena, ou sequer uma foto da Hebe verdadeira, nem aquelas letrinhas contando o que aconteceu depois. Espero mesmo que esse filme tenha sido apenas um projeto piloto de algo maior, porque essa Estrela do Brasil merece!
Ficha Técnica:
Distribuidora – Warner Bros.
Roteirista – Carolina Kotscho.
Direção – Maurício Farias.
Gênero – Biografia.
Classificação – 14 anos.
Obrigada pelo seu comentário! :-)