Viver a dois, muitas vezes, pode ser desafiador.
Abandonar nosso sistema de crenças, trazido, durante anos a fio, por todos nossos ancestrais, para ingressar no sistema do companheiro, pode ser visto por nós, inconscientemente, como uma grande traição ao nosso sistema familiar.
E a partir desta sensação, de que você está certo e o outro errado em algum aspecto da vida a dois, porque seu sistema familiar sustenta esta posição, pode levar, muitas vezes, ao colapso da relação.
Então, na regra geral, a respeito da aceitação das diferenças, a visão sistêmica traz uma boa notícia: Uma pessoa não se atrai por outra sem que seus sistemas também se atraiam.
Quando o seu “crush” e você se olham, e sentem uma conexão, todo o sistema familiar, que vocês trazem junto de vocês, também são vistos e atraídos, de ambas as partes.
Com isso, aceitar as diferenças na vida a dois fica mais leve, pois o seu sistema familiar permitiu este encontro, é seguro para você aceitar a diferenças, sem que você esteja traindo toda a sua criação familiar.
A respeito do amor e intimidade entre os parceiros da relação amorosa, estes só irão acontecer quando houver a substituição do apego do primeiro amor de nossas vidas, o amor por nossos pais, pela a gratidão e aceitação por tudo que nossos pais puderam nos oferecer.
De maneira alguma eu digo que devemos deixar de amá-los. Mas quando não se consegue transmutar este amor, com apego, pelas figuras materna e paterna, corremos o risco de buscar em nossos parceiros este amor paternal, colocando os parceiros em posição de superioridade, e pedindo-lhes que ocupem um lugar que não lhes cabe.
O lugar de um parceiro é ao lado, com companheirismo e união, se dando um ao outro igualmente, não de maneira exigente e insatisfatória, como uma criança que busca atenção dos pais.
E através da aceitação dos pais, da maneira como são, exatamente como são, você não corre o risco de querer colocar seu parceiro/parceira em uma posição errada no seu sistema.
Os parceiros não podem estabelecer uma relação buscando algo que não ganharam dos pais, pois se for assim, esta pessoa está em busca de um pai ou uma mãe, não de um companheiro.
Para um casal combinar, é necessário que os parceiros se doem um ao outro igualmente, e também recebam na mesma proporção, só assim será uma parceria de iguais, que irá lograr êxito.
Por último, falarei como o vínculo entre parceiros é fundamental para o sucesso de uma relação amorosa.
Este vínculo exige que haja na relação uma inclusão do feminino e masculino, que o homem deseje a mulher, como uma mulher, e que a mulher deseje um homem enquanto homem. (Casais homoafetivos costumam trazer em cada parceiro uma energia mais masculina e outra mais feminina, e o desejo deve ser preenchido nesta esfera).
O parceiro que tem a intenção de amar o outro, deve também aceitar o masculino e o feminino que o outro traz, sem desejar sufocar a parte que não lhe convém, e estreitando este desejo e aceitação através da relação sexual.
Segundo Bert Hellinger, a visão sistêmica é exatamente o oposto da ideia popular que temos, segundo a qual os homens devem desenvolver seu lado feminino e as mulheres seu potencial masculino.
Na verdade, as pessoas que se auto completam desta maneira, o fazem porque preferem viver sozinhos.
Sara Sharada
Instagram: @espacosaravatii
Facilitadora de Constelações Familiares e Sistêmicas.
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