Sabe aquela música “amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos caminhos foram traçados na maternidade”? Então… minha história de amor está resumida nesses versos! Mas deixa eu começar do começo.
Nasci em uma cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul, daquelas onde todo mundo se conhece.
O Matheus, meu marido, foi criado nessa mesma cidadezinha. Como a história mesmo sugere, vocês já podem imaginar, né?
Nossas avós estudaram juntas na juventude, as famílias eram amigas, a mãe e tio do dele eram muito amigos dos meus pais. Naturalmente, as relações foram seguindo gerações até chegar na amizade entre o meu irmão mais velho e o Matheus (ou Toti, apelido de infância).
Eles tem a mesma idade e cresceram juntos, e eu, a irmãzinha chata (como ele dizia), sempre junto dos dois porque meu irmão tinha que cuidar de mim e me incluir nas brincadeiras!
Por isso, tenho muitas lembranças do Toti criança, e algumas fotos para guardar na memória. Para mim, ele era só o amigo do meu irmão.
O tempo passou, minha família se mudou para Santa Catarina, e perdemos o convívio. Vejam bem, isso foi em 1994 e não tinham redes sociais para mantermos o contato!
Amor traçado na maternidade! E nos nos encontramos….
Nove anos depois, já era 2003 e plena era do ICQ – quem aí lembra do barulhinho que chegava a emocionar?! Se você não é dessa época, peça para alguém perto dos 30 para te explicar! – Enfim, em um certo dia recebo uma mensagem no ICQ de um menino perguntando se eu lembrava dele, o Toti, que era muito amigo do meu irmão.
Disse que tinha conseguido meu contato com uma prima minha e que não estava conseguindo encontrá-lo, mas tinha esperança de retomar o contato através de mim.
Respondi que lembrava dele sim, e começamos a conversar sobre nossa infância e sobre tudo o que havia acontecido nos últimos anos. Esqueci até de passar o contato para meu irmão!
Por alguns meses, cada conversa virou uma gostosa espera, pois nos falávamos pela internet nos finais de semana, e em algumas noites depois da meia noite – mais uma vez, quem tem menos de 25 anos nem vai entender… naquela época de internet discada, só podíamos conectar nos horários em que era mais barato, e dividindo entre mIRC e ICQ – bons tempos!
E começamos a escrever nossa história de amor…
Em uma das visitas em família à nossa cidade natal, combinamos, então, de nos encontrar, depois de quase uma década sem nos vermos. Eis que o momento chegou, o coração acelerou como nunca, demos nosso primeiro beijo, e percebi o desafio que tínhamos pela frente: um amor nascendo no auge dos meus recém-feitos 16 anos (com alguém que eu conhecia desde criança), uma distância física de 520 km que nos separavam e muita vontade de fazer dar certo o namoro, mesmo sem saber ao certo como seria. Começamos a namorar em dezembro de 2003.
Nos anos que se seguiram, conseguimos manter nosso relacionamento com muito empenho dos dois, muita cumplicidade e respeito. Alternávamos as viagens entre RS e SC, para que um fosse visitar o outro de cada vez, quando dava, como dava.
E desse jeito passaram 8 anos. Sim, namoramos à distância por 8 anos! Neste período, muitas coisas aconteceram – fizemos faculdade, nos formamos, e nos deparamos com muitos desafios e inseguranças.
Mas, novamente, friso o quanto foi importante o respeito e o amor que tínhamos, para que pudéssemos passar juntos por todos os obstáculos que encontramos.
No final de 2011, depois de um intercâmbio que fiz na Itália, resolvi marcar minha volta ao Brasil direto pela cidade onde ele estava morando na época, Porto Alegre, e minha família, que morara em Balneário Camboriú, iria me receber lá também.
Acabei pousando e ficando lá mesmo! Nunca mais “voltei” para a minha casa, e isso é uma coisa que damos risada até hoje – eu não me mudei para Porto Alegre, eu apenas pousei e lá permaneci!
Decidimos que seria o início de um novo capítulo da nossa história. Fomos morar juntos, arrumei um emprego lá e tivemos que nos acostumar com um novo tipo de relacionamento: passamos de uma história de 8 anos à distância para uma convivência de 24 horas por dia, é diferente, e exigiu de cada um uma dose maior ainda de comprometimento.
Ao mesmo tempo, descobrimos a delícia de compartilhar nosso dia a dia um com o outro.
Em janeiro de 2013, em uma viagem à Itália, o Toti me pediu em casamento de uma forma muito fofa e inesquecível, sobre uma das mais de 400 pontes em Veneza, no dia em que iríamos conhecer a pequena cidade de onde partira seu tataravô.
Foi uma emoção muito grande, como se os antepassados dele estivessem presenciando e abençoando nosso amor, que deu seu primeiro fruto em 2014: Calvin, nosso filho canino.
Ele chegou enchendo nossa casa de fofura, carinho (e muitos pelos), e nos ensinou muito sobre responsabilidade e altruísmo. Sempre tivemos planos de ter filhos, e o Calvin nos preparou, como uma espécie de primeiro teste, para tudo o que estávamos prestes a viver.
Depois de muito planejamento e dedicação, nos casamos dia 25/04/2015, com uma cerimônia do jeito que sempre sonhamos e com a nossa cara (podemos falar mais sobre isso num outro post, pois foi um casamento no estilo DIY).
Poucos meses depois do casamento, mais um sonho estava se realizando. Engravidei e descobrimos que teríamos um menino, nosso anjo Gabriel (o nome já tínhamos escolhido muitos anos antes, quando falávamos em ter filhos).
Entrei em trabalho de parto na tarde do dia 25/04/2016 (prestem atenção na data do casamento ali em cima, exatamente 1 ano depois), mas nosso gurizinho veio ao mundo no nascer do dia 26, em uma cesárea humanizada após uma tentativa frustrada de parto normal. (Enfatizo, aqui, a palavra HUMANIZADA, o que gera uma discussão à parte e com certeza “rende pano para a manga”).
Ao mesmo tempo em que nos deparávamos com todos os desafios da maternidade/paternidade – que, diga-se de passagem, não são poucos -, resolvemos comprar nosso primeiro apartamento.
Junto com as trocas de fraldas e chorinhos, tínhamos que lidar com as questões burocráticas e, mais desgastante ainda, a obra em si.
Mas o conforto da nossa família fazia todo o esforço valer a pena. Foi um ano muito gostoso de aprendizado, dedicação e, principalmente, gratidão.
Pouco depois do Gabriel completar seu primeiro aninho, mais uma surpresa: estávamos grávidos novamente, e de outro menino! Como gostamos de emoção (já viram que temos um apreço especial por desafios!), tomamos a decisão de mudar para São Paulo, após uma proposta de trabalho do Toti.
Analisamos muito, pensamos com cuidado, colocamos todos os pontos na balança e decidimos arriscar esse novo passo na nossa vida. O apoio da família nesse momento foi essencial, e mais ainda, o apoio que tivemos um do outro.
E tudo isso aconteceu durante a segunda gravidez. Chegamos em São Paulo em dezembro de 2017, eu com 8 meses de gestação, fazendo uma mudança interestadual, pintando paredes e tendo que, novamente, se acostumar com um novo local, um novo jeito cuidar da casa e de uma criança pequena sem a ajuda da família.
Além disso, iniciando o acompanhamento do final da gestação com uma nova obstetra. Somem a esse turbilhão as adaptações do Gabriel à escolinha, à nova cidade e ao bebê que estava para nascer, e que, felizmente, foram muito mais tranquilas do que esperávamos!
Sempre gosto de pensar que tudo o que é feito com amor, segurança e respeito acaba dando certo. Por isso é tão importante uma rede de apoio em quem você possa confiar.
Em fevereiro de 2018, demos as boas-vindas ao nosso caçula, Bernardo. Nasceu em uma terça de carnaval, já no ritmo da folia e bem paulistano, acelerado!
E ser pai e mãe de dois é muito, mas muito diferente de ser pai e mãe de apenas um. Tudo o que havia de calmaria na nossa casa com um bebê tranquilo de 1 ano e 10 meses, foi transformado em um pequeno caos de muito choro, privação de sono e uma leve dose de ciúmes.
Em contrapartida, nosso lar nunca foi tão feliz! Aos poucos, as coisas foram se ajeitando, pegamos o jeito de lidar com a duplinha, e mesmo no auge do cansaço, tínhamos aquela sensação de sonho realizado. Muito esforço e uma casa cheia de barulho, brinquedos e amor.
Em julho, fizemos uma viagem de carro para o Sul, com várias paradas, para matar a saudade da família.
Um carro abarrotado de gente, malas e um cachorrinho. Vocês sabem tudo o que se leva para uma viagem com um bebê? E com dois? Tudo duplica, o carro, por maior que seja, fica pequeno!
Mas deu tudo certo e foi um grande ensaio para o plano que tínhamos para o final do ano: exatamente na véspera de Natal, embarcamos para uma viagem internacional com os dois pequenos, o Gabriel com 2 anos e 8 meses, e o Bernardo com 10 meses.
Toda a preparação para essa aventura vale um outro post, porque exigiu um planejamento minucioso. Mais uma vez, conseguimos e foi muito mais fácil do que imaginamos!
Durante duas semanas, passeamos por Londres e algumas cidades do interior da Inglaterra, inclusive a virada de ano em um típico PUB numa cidadezinha minúscula e o amanhecer do primeiro dia de 2019 em meio as pedras místicas de Stonehenge.
Ainda passamos alguns dias com uma prima em Copenhague, conhecendo um pouco da cultura escandinava. Foi uma experiência incrível e pudemos criar memórias afetivas muito fortes, principalmente para o Gabriel (que fala em detalhes até hoje da viagem).
Tudo isso foi possível por toda a programação que fizemos e muito esforço. Fomos chamados de loucos por muita gente – “Como assim fazer uma viagem tão longa com duas crianças tão pequenas? Porque não vão sozinhos e deixam os meninos com os avós?” – Gente… pergunta retórica.
Porque não dividir essa experiência com os as pessoas mais importantes para nós?
Porque não incentivar o gosto por viajar, a curiosidade por novas culturas, o contato com outros idiomas e apresentar uma série de paisagens e cenários que não são da nossa rotina, desde cedo?
Como eu disse, quando planejamos tudo com cuidado e paciência, torna-se possível.
O ano de 2019 começou movimentado e nos trouxe uma nova mudança, agora dentro de São Paulo, aliás, no mesmo bairro. Mas mudança é mudança e, se a última tinha sido grávida de 8 meses, e a anterior com um bebezinho de 3 meses, essa foi com 2 crianças pequenas me chamando 1 milhão de vezes por dia e com alta demanda por atenção.
– Xênia, qual é mesmo a palavra do Thetahealing para substituir, com amor, a palavra “desafiador”?
Pois é… Mas foi, novamente, uma decisão acertada que nos permitiu uma leveza muito maior no viver do dia a dia.
Em tempos onde eu venho lutando, desde o nascimento do nosso primeiro filho, com minhas próprias inseguranças em relação à maternidade, ao afastamento do meu lado profissional e na busca por formas de expor meu trabalho na arte (mais um post, será?), foi muito importante ter esse frescor no nosso novo morar.
E quem diria que seria ainda mais valioso no ano de 2020, em que nos encontramos em meio a uma Pandemia Mundial tão assustadora e tão carregada de incertezas?!
Mesmo em isolamento, temos como desfrutar de pequenas porções de ar livre diariamente e proporcionar um acalento especial aos nossos filhos e à nós mesmos – mantendo a sanidade mental conforme é possível.
Assim como em toda a nossa trajetória juntos nesses 16 anos – precisamente metade da minha existência nessa vida -, mais uma vez se fizeram fundamentais a nossa cumplicidade, o amor, e o fato de podermos nos apoiar ativa e mutuamente, para superar tudo o que vivemos e seguir aproveitando todas as oportunidades positivas que se apresentam à nós.
Tenham um porto seguro, seja ele qual for. Eu, graças à Ele, tenho dentro da minha casa as pessoas mais importantes da minha vida!
Meu nome é Ana Luíza, Iza para os íntimos. Sou Arquiteta, artista plástica autoditada e não oficial, artesã, mulher multitarefas, esposa, mãe, aprendiz de pedagoga, chef de cozinha da casa, cabeleireira nas horas vagas e princesa do meu filho mais velho. Amo escrever e compartilhar o que vejo de positivo no mundo.
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