Esse filme sobre o qual você vai ler agora é com certeza um dos meus 3 favoritos. “Na Natureza Selvagem” ou “Into the wild” (nome original), reúne um elenco fantástico, equipe de produção especial, paisagens de tirar o fôlego e uma trilha sonora que casa perfeitamente com a proposta da história.
Produzir Into The wild parece ter sido muito bacana. O tipo de trampo que você acaba curtindo tanto que todo mundo não só compartilha do mesmo sentimento como acaba participando junto de todo processo. Nesse filme, até técnico de canoagem acabou virando ator (Brian H. Dierker atuou pela primeira vez como Rainey, do casal hippie).
Foram 10 anos desde a concepção até a estréia, um trabalho que com certeza foi feito com bastante minúcia. Quem cometeu o pecado de ainda não ter visto, segue um breve resumo, sem spoilers (:
Christopher Mccandless acaba de graduar em 1990 na universidade de Emory em Atlanta nos EUA. Primeiro filho de um casal com sérios problemas conjugais, não suporta a vida de menino rico em uma família onde os valores morais são falsos e o que importa é o status social.
Sua maior vontade é rasgar a pele do passado e embarcar em uma aventura com uma nova identidade, Alexander Supertramp (uma espécie de apelido “Alex Superandarilho”).
Seu espírito livre o coloca em um caminho rumo aos seus sonhos mais intensos. O principal? Chegar na natureza selvagem do Alaska por si só. Abdicando do dinheiro dos seus pais (doou 24 mil antes de começar a viagem), também deixou o carro que tinha acabado de ganhar (abandonado), e abandou até mesmo o nome que seus pais lhe deram.
Seu objetivo era chegar ao mais próximo possível do conceito de natura, encurtar o máximo possível o caminho entre extender a mão e alcançar os frutos e prazeres da terra. Alexander Supertramp virou rio quando quis, montanha quando deu vontade, animal quando precisou e pó quando chegou a hora.
Se não assistiu esse filme, vai encontrar uma grande saga de uma pessoa capaz de largar tudo em nome da liberdade, como sonho e objetivo maior de ser. Christopher vai compartilhar essa experiência com muita gente, encontrar quem gostaria de ser sua nova família, fazer muitos amigos e enfrentar seus maiores desafios, a própria natureza.
Como ficamos sabendo de tudo isso? Sua irmã, Carine McCandless, se correspondia secretamente com ele enquanto viajava.
Jon Krakauer (autor do livro em 1996) somou com o time de produção do filme dirigido por Sean Pen (2007) uma poderosa força de tarefa pra que todos os detalhes fossem ao máximo respeitados.
Inclusive, Carine e seus próprios pais fizeram parte dessa produção que corta na carne e intensifica bastante todo o sentimento de angústia dessa história.
Sean Penn, diretor do filme, pra quem não se lembra, é aquele mesmo de 21 Gramas e Sobre Meninos e Lobos. Ele conta que se deparou com o livro em uma banca de jornal e desde então foram 10 anos empenhado na produção com consentimento da família.
Os pais de Chris, performados pelos atores William Hurt e Marcia Gay Harden, realmente se entregaram ao papel com todo seu potencial artístico. A atriz Haley Ramm que faz o papel da irmã de Chris (Carine) conta em entrevista que a conexão de todos ali foi tão forte que quando sentavam à mesa para atuar, sentia que estavam juntos já há 15 anos.
Emile Hirsch como Christopher McCandless, segundo Sean Penn, foi a melhor escolha especialmente pela sua “força de vontade”, já que atuava em um papel tão difícil e desafiador. Vale dizer que perdeu quase 20 Kilos em 8 meses de dieta pra viver a personagem com precisão aos fatos.
Depois de ver o filme realmente fica difícil de imaginar outro ator fazendo esse papel. Emile não só o faz muito bem como se parece bastante com Chris de verdade.
Quem adivinhar quais outros dois atores estavam cotados para o papel, devia ganhar uma viagem pro Alaska… Shia Labeouf (de transformars) e o Oscar Winner Leonardo Dicaprio. (!) Pausa eloquente.
Um outro detalhe que demonstra o cuidado e respeito a história é que Penn decidiu não gravar o filme no ônibus original que McCandless usou para se abrigar. Ele e seu diretor de arte decidiram comprar e recriar um ônibus idêntico em respeito a Chriss e sua família.
E aquela trilha sonora? Quem não se arrepiou ao escutar Eddie Vedder cantando solo com aqueles dedilhados dedicados no violão? É sabido que Eddie topou fazer a trilha sem nem mesmo esperar o roteiro ficar pronto.
Também teve a impressão de que as letras tinham sido escritas pelo próprio Alexander Supertramp? ”Society… you’re a crazy breed! Espero que não esteja solitária, sem mim!”. *suspiros
É isso, sociedade… Chris esperava que tudo aquilo pelo qual estava fugindo não sentisse falta dele. Essa fuga, nas palavras de sua irmã em uma entrevista pela CBS, era talvez uma forma de punir seus pais por todo mal que o fizeram engolir.
Com sinceridade, sinto pelos pais dele, que tenha sido da forma que foi. Mas mais importante do que punir quem quer que fosse, Chris tinha que se libertar, e isso o dignifica. Era provavelmente seu principal objetivo.
De fato, a busca pela liberdade é um sentimento motivado por forças bem maiores do que intrigas familiares, e isso fica claro também no filme. Me pergunto se eu um dia conseguiria chegar perto de me sentir tão livre tanto quanto ele conseguiu.
Enfim, o que você precisa mesmo saber sobre esse filme é que todos os envolvidos, do protagonista aos figurantes, todos parecem ter se dedicado e se envolvido com bastante carinho. Foi a união de várias forças que resultou em algo tão fascinante quanto se podia esperar.
Esse artigo então é dedicado a todos nós que temos um coração Supertramp.
Nunca desista de quem você é, não importa o quão difícil pareça ou o quão desanimado esteja, você não é assim. Chris descobriu quem era. Por mais que Alaska não faça parte dos seus sonhos, sempre haverá um andarilho dentro da gente pra nos fazer caminhar.
De uma forma ou de outra, quem quer que você seja, também está buscando ser livre, não é mesmo?
Conta pra gente, qual é o seu Alaska?
Obrigada pelo seu comentário! :-)