Soldado Estrangeiro é um documentário que aborda a experiência em tempo real de 3 brasileiros que foram servir ao exercício militar no exterior.
Cada um em um momento diferente: Bruno Silva é o pai solteiro que quer viver um sonho de entrar pro exercito; Mário Wasser é um jovem da classe média paulistana, parece também ter suas idealizações enquanto uma de seus hobbies preferidos é jogar jogo de combate; E por fim, Felipe Nascimento conta que o que buscava era ser alguém na vida ganhando algum status social.
Depois de pensar qual foi a sensação predominante de assistir Soldado Estrangeiro, finalmente destilei minhas sensações e descobri que a dúvida de quem dos três morreria primeiro, era uma constante. Porem, o filme delimita bem os 3 momentos dessa jornada. A admissão, a rotina e a experiência como veterano.
Assim, vamos começar do começo, vamos falar de Bruno. Como dito, Bruno é um pai solteiro. Ele demonstra muito amor à filha, que vai ter que deixar pra trás por 5 anos ao entrar na Legião Estrangeira Francesa.
Segundo seu relato, ele vai em busca do sonho de ser soldado após não ter sido admitido no Brasil por excesso de contingente, mas o principal motivo é para ter dinheiro para mandar para sua filha. É uma menina com cerca de 10 anos de idade. Apesar da preocupação de seus pais com a legião francesa, Bruno acha que a comunidade onde mora é um risco bem maior.
O segundo soldado, Mario é um jovem soldado fã jogos de videogames de guerra que levou sua namorada pra cuidar dos afazeres do lar.
Já admitido no exército de Israel, Mário ganhou cidadania Israelenses e fica orgulhoso em contar as vantagens que tem por estar ali. Apesar de estar bastante integrado na rotina e parecer cumprir suas militares de uma forma automatizada, ainda assim é notório em seu rosto alguma preocupação, especialmente quando é convidado a refletir sobre sua realidade.
O terceiro soldado é Felipe. Veterano de guerra no oriente médio, ele é um brasileiro que lutou com a marinha norte-americana. Certamente é o indivíduo mais afetado pela experiência. Ele conta que decidiu buscar esse caminho porque ninguém é alguém na vida sem status.
Enquanto conta sua história e narra suas experiências, o filme mostra que Felipe recebeu uma classificação de má conduta ao ter finalizado suas tarefas como combatente. Segundo ele, isso se deve ao vício que adquiriu com remédios analgésicos, dentre outros problemas psicológicos.
O Soldado Estrangeiro é um filme muito bem planejado e montado. Vai revelando aos poucos cada caso retratado, como quem vai abrindo uma caixa e descobrindo o que tem nela. A aflição de ver e sentir as motivações e angústias de cada um é rara.
Algo interessante de se notar é o contraste que se dá quando paramos pra pensar que existe um anonimato de quem está no comando, já que o filme não aborda questões políticas pelas quais as guerras retratadas estavam sendo feitas, ou seja, foca exclusivamente na identidade escancarada dos combatentes.
É uma bela desconstrução de estereótipos militares, uma lupa pra enxergar de perto algo que de fato acontece na vida real com quem está na linha de frente das batalhas.
Obrigada pelo seu comentário! :-)