Impossível falar de carnaval e não falarmos da personalidade mais marcante, mais copiada e mais representada nas fantasias da folia como a portuguesa abrasileirada Carmen Miranda.
Uma explosão de cores, formas e gestos. Quem assistia à cantora Carmen Miranda, não tinha como não perceber o figurino que compunha o visual pelo qual ela ficou conhecida: roupas extravagantes – algumas até curtas para a época –, chapéus enfeitados, bijuterias e sandálias plataformas de 20cm, para disfarçar o 1,52cm de altura. Tudo somado ao batom vermelho nos lábios.
Dona de um estilo único, Carmen era ousada nas performances e tornou-se um símbolo da indústria cultural nas décadas de 30, 40 e 50. Além de cantar, dançava requebrando os quadris e balançando as mãos, e também atuava.
Essas habilidades fizeram com que ela se tornasse a primeira artista multimídia do país, levando a cultura brasileira ao exterior. Ao cantar, fazia questão de enfatizar a letra “R” e de acrescentar palavras inexistentes na canção original.
Sentava à maquina de costura para criar pensando apenas nela mesma. Seus figurinos, pesados e estampados, ajudaram-na a alcançar notoriedade. Carmen ditou moda! Ela criava as próprias roupas que usava, eventualmente com ajuda dos figurinistas dos estúdios de Hollywood.
Além disso, preferia bijuterias a joias. usava muitas pulseiras e colares de cores e materiais diferentes, estabelecendo tendências. E por volta de 1933-1934, já lançava a moda dos casaquinhos e encomendava a um sapateiro do Catete as primeiras plataformas da história!
SEUS ADEREÇOS ERAM SUA “SIGNATURE”
Na adolescência, desistiu dos estudos e começou a trabalhar para ajudar a família, como balconista em uma loja de chapéus, no centro do Rio. Lá, aprendeu a fazer chapéus, habilidade que mais tarde foi fundamental para que passasse a confeccionar os próprios adereços.
A convite de uma cliente para quem criava enfeites de cabeça, Carmen se apresentou, em 1929, em uma festa beneficente no Instituto Nacional de Música. Encantado com o desempenho da jovem moça, o músico baiano Josué de Barros decidiu ajudá-la a iniciar a carreira de cantora. A primeira gravação foi a marchinha de carnaval YáYá YóYó, do próprio Barros.
Enquanto esteve viva, a artista foi considerada uma representação da mulher nacional e contribuiu para divulgar a ideia do nacionalismo brasileiro. Quando se mudou para os Estados Unidos, alguns historiadores acreditam que ela passou a representar o estereótipo da mulher brasileira e latino-americana, sobretudo nos filmes de que participou lá.
Um dos vários filmes em que ela atuou, “Alô, Alô, Carnaval”, foi um deles. Uma comédia musical lançada em 1936 que bateu recorde de bilheteria. Ela é figura importante no carnaval, pois gravou marchinhas que foram e ainda são sucesso até hoje. Popularizou a fantasia de baiana, típica do Brasil, em um momento em que as fantasias eram todas de inspiração europeia.
Ela foi a primeira cantora brasileira a representar de forma visual o nosso gênero para o mundo inteiro, o SAMBA!
O mais bacana é que mesmo após sua morte (em 5 de agosto de 1955), chega e sai Carnaval, mas o estilo de CARMEN MIRANDA permanece firme e forte, seja nas estampas de roupas ou acessórios…tudo bem “a la Carmen”!
E com a chegada da data mais festiva do Brasil, nada mais justo do que prestarmos a nossa singela homenagem à esta musa fashion inspiradora, que nunca sai de moda e reina absoluta com suas influências pelas ruas!!
Por Fabi Senra ( Produtora de moda e figurinista)
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