O Manipulador de Paixões é uma tradução bem diferente do original, como era de se esperar. Em francês, o nome do filme é “O urso de pelúcia” (tradução literal). Vamos ficar por hora com a tradução brasileira, vai te ajudar a entender melhor sobre do que o filme se trata.
Alain Delon faz o papel de Jean Rivière, que é um professor/obstetra rico e respeitado. Ele parece ter tudo, esposa, filha, sucesso profissional e até uma amante. Mas sua vida começa a desmoronar quando ele recebe um telefonema anônimo de um homem que diz ser Jean “culpado” e ameaça matá-lo.
A primeira pista que o homem do telefonema anônimo deixa pra ele é um pequeno urso de pelúcia. Assim, ele começa a seguir as pistas que seu próprio algoz vai deixando pelo caminho até que descobre algo bastante desagradável.
Alain Delon é um clássico Reynaldo Gianecchini da década de 70, só que em escala mundial. Um ator francês que começou a carreira ainda criança na década de 40. Nesse filme ele já é um homem de meia idade, talvez com 50 ou quase.
Ao menos nesse filme, seu papel se resume a fazer cara de galã blasé, sem muita expressão, típico de ator que ganhou muita fama como sex symbol. Atores assim geralmente não precisam trabalhar muito. Talvez ele deveria ter sido vilão, como em uma de suas atuações mais consagradas, no filme Plein Soleil de René Clément.
Esse filme é um que a gente ia assistir no Cine Belas Artes. Ele foi lançado em 1994 e é francês. O que é importante saber sobre isso? Antes de mais nada, entenda que filmes de diretores europeus e do mundo, não seguem o esquema de sempre hollywoodiano, ou seja, é uma lógica diferente na maioria das vezes.
Dito isso, digo honestamente que não achei “O Manipulador de Paixões” tão interessante quanto parece. O mistério é resolvido no meio do caminho e nem há muita emoção no desfecho. Em muitas cenas, a rica trilha sonora fornece o único drama.
Mas que emoção Jacques Deray queria te passar com esse filme? Bom, é do conhecimento cinéfilo que é um diretor que tem um estilo de direção clínico e desidratado. Ou seja, a forma que explora as cenas e os acontecimentos acontecem num compasso mais lento e contemplativo.
Vê-se pelos próprios movimentos de câmera o estilo de como o diretor se comunica com o espectador. E tem mais, não espere um final dentro das regras morais… Essa galera tá aqui sem se preocupar com padrões mesmo.
Por falar em produções europeias, dá uma olhada nessa crítica aqui do DRUK, e entenda o que é o movimento Dogma-95.
Caso seja grande fã de Alain Delon ou Francesca Dellera, ficarão interessados em ver seus ídolos numa fase, seja mais madura ou sensual, mas o compasso da história talvez não lhe tire o fôlego.
Apesar de francês, é um filme com bastante diálogo mesmo embora Delon permaneça relativamente calado na maior parte do filme.
Caso queira assistir, estará disponível amanhã, ao À LA CARTE, streaming de filmes do Petra Belas Artes. Acesse aqui.
Director:
Jacques Deray
Elenco:
Francesca Dellera (Chantal)
Alain Delon (Jean Rivière)
Paolo Bonacelli (Novacek)
Laure Killing (Christine)
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