Recebi a indicação da nossa maravilhosa colunista Fabi Senra, sobre uma maquiadora que faz um trabalho “mara”, como diz a Fabi! A Fairuze Reis.
Resolvi pesquisar um pouco mais sobre essa tal de Fairuze Reis! Rs…
Em nossa primeira conversa pelo Whatsapp, que fofa! Super topou nossa entrevista, trocamos áudios sobre ideias de formato de conteúdo – E ela, chiquérrima! A caminho de um job em Nova York! (Queria eu estar lá!). E…. finalmente aqui está nossa matéria com direito a vídeo em nosso Instagram.
Espero que gostem!
Fairuze, o que é beleza?
“Eu tomei partido em pesquisar para entender o conceito de beleza e é muito interessante o que eu encontrei. Porque a gente consegue ver que o conceito de beleza é determinado como – “tudo aquilo que é atrativo, sugestivo e nos desperta alguma coisa”. Está totalmente correlacionado com a visão.
Mas uma coisa que é muito interessante é que, a beleza é tão relativa. Depende muito de quem vê.
Às vezes o que é belo para mim, não é belo para o outro. Na distorção, na bagunça pode ter beleza. Depende muito da forma como é interpretado, depende da cultura em que a gente está inserido.
Então eu acho que beleza é muito abrangente. Se eu for colocar no meu conceito de palavra, eu acredito que a gente acha bonito quando a gente vê que uma pessoa está bem e feliz. Isso é tão relativo com a vida que a pessoa tem. Ela pode ter um rosto lindo, mas não ter beleza.
Pois, no meu ponto de vista, a beleza vai um pouco além do visual, apesar dos conceitos dizerem que as outras sensações não entram no conceito de beleza, somente a visão. Porém, eu acho isso muito relativo.
Por exemplo, várias coisas na maquiagem, quando falamos de maquiagem conceitual – que são coisas que chocam aos olhos – não é bonito para muitas pessoas.
Então, minha resposta é: beleza depende do ponto de vista.
O que os maquiadores fazem?
Muita coisa! O segmento de maquiagem não está limitado somente à maquiagem de salão (maquiagem para eventos – noivas, desfiles de moda). A gente tem editorias, que são para revistas; temos look book, para empresas, maquiagens para estilo de vida. Maquiagem de beleza, maquiagem conceitual – que geralmente está ligado ao fashion e à arte.
Temos também maquiagem de efeitos especiais, que é aquilo que a gente brinca com efeito de luz e sombras, ou usamos prótese e látex, para criar cicatriz e outros efeitos interessantes para filmes. E temos outro segmento de maquiagem que, talvez não seja tão conhecido que é maquiagem para funeral.
É um segmento muito amplo e tem espaço para todo mundo! O mais importante é conhecer as diferenças e particularidades de cada segmento de maquiagem. Porque quando falamos de uma maquiagem social, não é a mesma coisa de maquiagem de moda.
Nós usamos os mesmos produtos, mas existem efeitos, texturas, coisas que devem ser criadas dentro de cada segmento, para que tenha a imagem limpa e clara do que você está entregando.
Beleza depende do ponto de vista.
Fairuze Reis
Você tem uma carreira incrível – quais foram seus destaques?
“Então, são longos anos de trabalho. Mas obrigada pela “carreira incrível.” Realmente eu acho que os passos dados durantes esses muitos anos trabalhando com maquiagem foram incríveis. A gente nunca imagina onde pode chegar, mas chegamos.
E tiveram três grandes destaques que eu fiquei realmente muito feliz de ter conquistado. O primeiro foi um concurso internacional de maquiagem, dentro da MAC – essa renomada marca de maquiagens, que você deve conhecer.
Eu trabalhei lá durante seis anos. Fui muito feliz. E no ano de 2010, aconteceu um concurso internacional, em que todos os países participaram e, além dos critérios de venda que a gente precisava atingir, existia também uma parte criativa, que era a criação de uma maquiagem inspirada em pedras preciosas.
Especificamente, nesse concurso, eu escolhi o Topázio Imperial, porque existem duas jazidas no mundo, onde é extraído o Topázio Imperial. Um fica na China e o outro fica aqui no Brasil. Então, eu resolvi explorar esse lado do Brasil, e tive essa felicidade. Realmente, foi um processo criativo super legal, fiz muitas pesquisas junto a Hstern. Eles me deram informações super relevantes e preciosas para que eu pudesse construir o meu material visual e criativo.
E as outras duas coisas que fizeram diferença para mim são recentes. Nos anos de 2019 e 2020 eu também ganhei um mesmo concurso internacional, nos dois anos consecutivos.
Em 2019 foi com uma maquiagem reparativa. Eu tenho uma amiga que tem Alopecia Areata – uma doença que faz com que todos os pelos do corpo caem – então ela não tem mais cabelo, nem sobrancelha. E então eu a convidei para participar de um dia em que ela poderia ser quem quisesse.
Nós fomos até uma loja de perucas e ela escolheu a peruca que ela queria e eu criei uma nova Ana Paula. Foi muito bacana a forma como ela ficou feliz de se ver com um novo rosto.
Eu tenho percebido que, cabelo define muito a nossa personalidade e a peruca que ela escolheu, a definia: uma pessoa romântica, delicada. E foi no que eu acabei me inspirando e, realmente, ficou incrível. Então eu resolvi aplicar a foto para esse concurso e venci nessa categoria.
Já em 2020, eu participei de um short film com o Ronaldo Fraga, que é um estilista, de Belo Horizonte. E eu criei personagens da década de 1920 para esse filme que nós fizemos e, uma das categorias desse concurso internacional era “Backstage” – uma foto de bastidores de um trabalho que eu havia executado.
Então eu mandei essa imagem e ganhei nessa categoria, o que me deixou extremamente feliz!
São três concursos internacionais na minha carreira de 15 anos, isso me deixa muito feliz porque é um reconhecimento de tudo que a gente devolveu, aprendeu e de tudo que a gente representa nessa longa carreira.”
De onde você tira sua inspiração?
“As pessoas que são muito criativas, ou talvez no segmento da maquiagem, especificamente, costumamos ser muito visuais. Ou seja, qualquer coisa pode nos inspirar.
A linha de uma arquitetura, a cor de um sofá. Imagens de outros maquiadores, imagens de obra de arte… As cores nos instigam, texturas nos instigam. Então, eu acho que todo artista de maquiagem, com certeza, tem uma bagagem visual de tudo o que viveu e tudo o que passou pela vida.
E comigo não é diferente! Ter trabalhado na MAC, por exemplo (que me trazia, o tempo todo, muitas cores e texturas, acabamentos), querendo ou não, me influencia muito hoje em toda a bagagem visual e criativa que eu tenho na minha mente.
E é muito interessante que essa história de inspiração, eu gosto muito de ter o olhar do outro primeiro, para entender onde vai caber a minha criação dentro do que o outro quer. Pode parecer complicado, mas é, mais ou menos, assim: se você quer uma maquiagem, eu quero muito saber de você o que vem da sua cabeça.
Então você vai me dizer sobre cores, sobre o formato que você gostaria. Porque, por um acaso, na sua memória, você já vivenciou alguma coisa que te desperta essa imagem que você quer.
Então, a partir do que você quer, eu vou criar em cima. Pode ser uma inspiração do que você está dizendo, ou tal qual você está dizendo, mas a grande realidade dessa história é que, para a gente, tudo é imagem.
Tem até gente que diz que cheiro tem cor! É possível se inspirar em cheiro, por que não!? Qualquer coisa pode nos inspirar.
Existe até um maquiador que eu o cito. Não sei se ele continua na MAC, mas é muito legal porque, no Instagram ele posta foto de objetos e cria maquiagens inspiradas nesses objetos. Por exemplo, ele coloca a foto de um sofá e a textura que o material do sofá oferece para ele, é o que ele traz de imagem.
E é interessante também que, às vezes eu posso ver a mesma coisa que uma outra pessoa está vendo e ter uma inspiração diferente do outro. Portanto, inspiração para criar é muito relativo, pessoal e individual. Pois depende do ponto de vista, da vivência e uma série de coisas”.
Há quanto tempo você é maquiadora e como você começou?
“Eu sou maquiadora mais de 15 anos e, foi uma forma muito inusitada como tudo aconteceu.
Acho que todos conhecem o Pátio Savassi, que é um shopping de Belo Horizonte. Bele Machado – “Eu não sabia que você era de Bh.”. E lá existe uma loja de roupa chamada “Patachou”, que foi onde eu comecei a trabalhar. Porém, no mesmo dia da inauguração dessa loja, também estava sendo inaugurada a loja da MAC.
Até então, eu tinha um conhecimento bem amador sobre maquiagem, eu não imaginava que pudesse me tornar maquiadora um dia.
Porque o primeiro corretivo que eu ganhei, foi com meus 21 anos de idade. Eu não tenho aquelas histórias de que “quando eu era criança, eu semprei sonhei…” não existiu isso, eu não era uma criança que gostava de maquiagem, eu gostava de subir em pé de goiaba, então não tinha nenhuma relação com o “material artístico”, maquiagem.
E aí, quando essa loja inaugurou, meus olhos brilharam, porque eu não imaginava que poderia existir uma loja de maquiagens na grandiosidade que é a MAC.
Então eu, muito curiosa, todas as vezes que saía do trabalho, passava na MAC e me maquiava. Os vendedores não ficavam muito felizes com isso, mas eles permitiam.
Então, eu acabei vendendo, indiretamente, produtos da MAC, trabalhando na loja da Patachou.
Porque eu sempre estava bem maquiada, alguns produtos que eu gostava, eu acabava indicando para as clientes. E, em paralelo a isso, eu muito curiosa com essa história de maquiagem (que era novidade na minha vida), comecei a tentar reproduzir fotos de revistas na minha casa. Nem sempre eu tive sucesso, mas sempre tirava boas conclusões do que eu estava fazendo.
Até que, um dia, eu fui convidada para participar de uma entrevista na MAC e eu entrei. Então, o meu processo para me tornar maquiadora, realmente, não foi árduo. Eu não precisei largar uma profissão e sofrer por isso, para fazer a transição de uma carreira para a outra.
A maquiagem sentou no meu colo! E como é uma habilidade que me deixa extremamente feliz em executar, não parece que eu estou trabalhando.
Trabalhar com a mente de forma criativa, com as mãos na execução, tudo isso me deixa super feliz.
Eu sou feliz porque eu posso pagar as minhas contas com um trabalho em que não parece que eu estou trabalhando.
Foi de uma forma muito inusitada que eu me tornei maquiadora. Quase que autodidata. Mas é claro que existe um peso muito grande de tudo o que eu aprendi na MAC e carrego até hoje comigo”.
Todo mundo fica melhor com maquiagem?
“Eu realmente cheguei a conclusão de que tem pessoas que tem uma harmonia visual tão linda e perfeita que eu acho até que vai além do conjunto olhos, boca, nariz etextura de pele, do que a gente vê.
Algumas pessoas eu já fiz maquiagens, as maquiagens ficaram lindas mas quando você olha a pessoa, era melhor sem.
Não sei! Tem gente com uma hamonia tão bonita que não vale a pena. Ou você colocar pontos que valorize o que já está em evidência de que é bonito. Então, as vezes a pessoa tem a boca tão bonita que se colocar um batom vermelho, não vai ficar tão bonita e atraente.
Nessa hora por que não hidratar os lábios, por que não colocar um tom de boca nessa pessoa e, fazer com que a forma natural dela sobresaia e não a cor se sobresaia.
Tem pessoas que ficam melhor sem maquiagem. Mas isso também é muito individual. Depende do professional, depende do olhar do cliente, é relativo”!
Quais são os três itens de maquiagem que nenhuma mulher deve sair de casa sem? E homens que são adeptos a maquiagem?
“Eu não saio sem máscara de cílios, blush e corretivo. Isso sou eu, mas depende da necessidade de cada pessoa.
Também é particular. Tem gente que já tem a maçã do rosto corada. Nesse caso, algo a fazer seria amenizar alguns pontos de pele sensível no seu rosto, com o corretivo e passar máscara. Nem todo mundo precisa usar blush.
Quando a gente institui isso de “3 produtos que a mulher não deve sair sem”, acho que limitamos a liberdade de cada um. Para uma mulher pode ser um, ou dois, para outra pode ser cinco. Depende de cada pessoa.
A maquiagem é muito democrática. Você pode usar ou não, é uma questão de escolha. Nem todo mundo precisa usar base, corretivo ou produto para a sobrancelha.
Então, o interessante é quando a mulher toma o conhecimento o suficiente de si, se aceita e tem conhecimento de produto. Assim, ela entende o que ela quer valorizar em si.
Antigamente, quando eu trabalhava na MAC, eu saía montada todos os dias e com o decorrer dos anos, eu diminuí a quantidade de maquiagem drasticamente. Hoje em dia, em qualquer evento que eu vou, eu não consigo usar muita coisa como antes.
Então, nesses três produtos que eu defini para mim, são coisas que me valorizam. O corretivo pelo fato de eu ter algumas áreas sensíveis no rosto, que eu gosto de neutralizar. O blush que me dá uma cor e a máscara de cílios para criar um efeito de olhos um pouco maiores, pois eu acho que meus olhos são pequenos.
Já os homens, a gente sabe que eles estão usando maquiagem, mas não como as mulheres. Então o que eu diria é homens, mantenham os lábios hidratados, com um hidratante labial sem cor.
Não precisa brilhar, a ideia é apenas manter os lábios hidratados. Corretivo eu também acredito que seja uma boa opção para tirar algumas manchinhas no rosto, mas não é uma obrigatoriedade, porque nem todo mundo se incomoda com essas possíveis manchas, então depende de que tipo de homem você é. Se você é um homem público, que está na TV, ou se você é uma pessoa que gosta de cuidar do visual.
E talvez um pó translúcido, sem muita pigmentação. Porque a gente sabe que os homens têm a pele um pouco mais oleosa, então para manter uma aparência mais “bem cuidada” e saudável, eu acho que um pó – que não precisa ter cor – apenas para tirar o brilho, pode cair bem”.
Qual é o conselho de beleza mais importante que você pode dar às mulheres?
“Pode parecer bem contraditório, mas o meu conselho é: não gaste dinheiro com maquiagem. Estranho, né? Mas por quê?
Eu, durante um bom tempo – assim como muitas mulheres, acredito – me olhava no espelho e conseguia pontuar todos os meus defeitos e tudo o que me incomodava em mim. À medida que o tempo vai passando e a gente vai envelhecendo, a aceitação tem que acontecer, porque tem coisas que você não tem como lutar contra. E você entende também que, o grande segredo dessa história toda da beleza e da maquiagem, não é gastar dinheiro propriamente dito com a maquiagem. Mas é investir dinheiro em tratamentos de pele.
Por exemplo, o melasma era algo que me incomodava absurdamente. Eu usava corretivo, usava pó, diversas bases, justamente para tampar o que mais me incomodava. E aí eu comecei a perceber que o melasma é uma condição que a gente consegue amenizar em alguns momentos.
Em outros momentos não, pois depende da temperatura, portanto é uma coisa que vai além de você. Porém, você pode amenizar os efeitos cuidando da sua pele, não tentando esconder.
Uma vez que o cuidado com a pele acontece, você tem isso para a vida e não momentaneamente. Porque maquiagem é algo que você passa, vai para a festa, chega em casa e lava o rosto. Vai tudo por água abaixo!
E eu tive um retorno incrível e muito feliz com os tratamentos estéticos que eu fui fazendo no meu rosto, como limpeza de pele – que ajuda muito na textura da pele. Quem nunca testou uma base e sentiu que a base ficava estranha ou “muito grossa”? Se a sua textura de pele está muito grossa, se a sua pele está suja, o que vai acontecer é que a maquiagem não vai ficar bonita.
Então pra quê gastar dinheiro com maquiagem, se você pode ter uma pele incrível? Aí vocês vão me dizer: “ah, mas tratamento estético é muito caro.” Depende!
Você está fazendo isso para a sua vida, para se ver bem. Você faz isso a longo prazo e não a curto prazo, como a maquiagem.
Portanto, se você pode realocar esse valor – porque foi isso que eu fiz. Houve uma época em que eu cuidei tanto da minha pele e minha pele estava tão bonita, tão fina e brilhante, reluzente de hidratação, que as pessoas me perguntavam na rua o que eu tinha feito. Era algo que vinha de dentro para fora, não era só a casca.
E isso fez com que eu mudasse meu ponto de vista. Você pode ver que boa parte dos maquiadores hoje em dia cuidam muito da pele e ensinam isso. Aconselham a aplicar pouco produto de maquiagem, só para ressaltar a beleza. Não se usa mais exagero de maquiagem, com excesso de base e pó no rosto.
A gente não quer transformar as pessoas, a gente quer que elas sejam elas mesmas. A gente não quer que a pessoa diga: “nossa, sua base está linda”, a gente quer que a pessoa diga que a sua pele está maravilhosa!
Então, quanto mais cuidado com a pele você tem, menos produtos de maquiagem você usa. E o meu conselho é esse.
Cuide de você, da sua alimentação. Tome água, pois isso reflete de dentro para fora. Façam tratamentos estéticos, comprem bons cremes de hidratação, vitamina C, protetor solar e outras necessidades que sua pele possa ter. Tudo isso faz muita diferença!”.
Fairuze Reis – Maquiadora Professional
@fairuzereisbeauty
fairuzereisbeauty.com
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