O tão esperado retorno dos desfiles presenciais ocorreu na última semana, no São Paulo Fashion Week N52, intitulado de “Regeneração”.
A 52ª edição do maior evento de moda da América Latina, o São Paulo Fashion Week, ocorreu nos dias 16 a 21 de novembro de 2021, e foi sediado no edifício do Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, capital.
O evento foi nomeado como “SPFW + Regeneração” e marcou a retomada dos desfiles presenciais, após dois anos de paralização por conta da pandemia de COVID-19. A programação da edição N52 contou com 48 desfiles em formato phygital, em que 23 marcas se apresentaram em modo digital e 25 de forma presencial.
Os ânimos para o retorno da semana de moda brasileira eram gigantes, e, pode-se dizer que todas as expectativas foram atendidas.
Essa edição teve a estreia de 7 novas marcas: Bispo dos Anjos, Bold Strap, Corcel, Depedro, Fauve, Mninis, e Von Trapp, além de contar com o desfile de encerramento da Lenny Niemeyer, que ocorreu em Niterói na cúpula do Caminho Niemeyer, em comemoração aos 30 anos da marca.
Um dos grandes acontecimentos do SPFW N52 foi a concretização de mais uma etapa do Projeto Sankofa, que teve início em abril deste ano. Idealizado e criado pelo movimento Pretos na Moda, em parceria com a startup de inovação social VAMO (Vetro Afro Indígena na Moda), o projeto tem como objetivo gerar visibilidade e fornecer apoio para o desenvolvimento das marcas escolhidas, além de promover maior relevância de mercado a elas.
De maneira geral, o Sankofa busca racializar a moda brasileira e gerar oportunidades. Suas ações tiveram início desde outubro de 2020, quando foi instituída uma cota racial obrigatória, na qual é necessário que pelo menos 50% dos modelos nos desfiles sejam pretos, afrodescendentes e indígenas.
Os destaques nas passarelas
Nesta edição, pudemos presenciar belíssimas coleções criadas a partir do resgate das raízes culturais e étnicas do Brasil. Foi um verdadeiro espetáculo, que nos proporcionou olhar para dentro do nosso território e perceber o quão rico e único são as nossas ancestralidades e nossas histórias. Essa semana de moda representou um despertar para que valorizemos mais o que é nosso.
Alguns dos desfiles que se destacaram dentro dessa abordagem foram: P. Andrade, que evidenciou o Brasil e a sua arte, por meio do uso de tecidos fabricados a partir de fibras recicláveis e biodegradáveis; Santa Resistência, que trouxe enfoque às mulheres de São Félix, município baiano, através de uma apresentação alegre e com o traços nordestino estampado nas peças; Naya Violeta, que conquistou a todos com sua coleção colorida e super divertida, trazendo à tona de maneira surpreendente o afrofuturismo e a ancestralidade; e, Handred, que apresentou nas passarelas o artista Francisco Brennand, através de um olhar sensível e poético, com peças em diferentes tons de branco e adornadas pelas cerâmicas.
Handred – SPFW N52 Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE Handred – SPFW N52 Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE Naya – SPFW N52 Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE
O mundo virtual também invadiu as passarelas e esteve presente em alguns desfiles. O primeiro desfile de skins do mundo foi apresentado neste SPFW + Regeneração, concretizando um marco na história da moda. Foram desenvolvidos 20 looks do jogo Free Fire por Alexandre Herchcovitch e o stylist Daniel Ueda. O desfile contou com a presença de Isabeli Fontana, que abriu a apresentação, como também com combinações coloridas e dinâmicas, que fundiram o futurismo e o streetwear.
Outro marco desta edição N52 foi o retorno de Sasha Meneghel às passarelas, no desfile da Misci, onde foi apresentada a coleção “Fuxico Lanches”.
Também houve a estreia de Camilla de Lucas nos desfiles de moda, pela marca Apartamento 03, que apresentou a lindíssima coleção “Cura”. Finalizando a temporada, houve o desfile da marca Mile Lab que, com toda certeza, ficará marcado em nossas memórias.
A estilista Milena Nascimento trouxe para a semana de moda brasileira a cultura periférica, por meio das peças em preto e em branco, das pipas e da trilha sonora composta pelo funk.
Apartamento 03 – SPFW N52 Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE
As tendências que virão fortes
Podemos identificar algumas tendências que já estavam se estabelecendo e que agora temos certeza de que virão fortes. São elas: a presença de cores vibrantes nas peças, como o rosa, o verde, o laranja e o azul; o retorno dos plissados e das franjas; a continuidade da valorização dos trabalhos manuais, como o crochê e o fuxico, que apareceu bastante nesta edição; a alfaiataria mesclada com o streetwear, inclusive, os blazers continuaram bem presentes na moda; e, por fim, o uso de tecidos naturais, como o algodão, o linho e a seda.
Apartamento 03 – SPFW N52 Foto: Ze Takahashi/ FOTOSITE
Esta edição do São Paulo Fashion Week foi muito relevante e importante para dar foco às questões que merecem serem discutidas e analisadas, além de abrir espaços para quem nunca teve a oportunidade de mostrar sua arte, sua moda e seu talento. Com certeza, a intitulação escolhida, “Regeneração”, ganhou vida e foi muito bem representada pela moda brasileira.
Por Carolina Rittershaussen Novaes
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