A Última Noite é o longa de estreia da diretora britânica Camille Griffin. Um terror, apocalíptico de Natal.
Reunindo elementos do suspense, da comédia dramática, de filmes natalinos e de filmes apocalípticos, o longa é um mix de acontecimentos, histórias e muita tensão entre os personagens.
Resumindo em poucas palavras – bem como presente na sinopse – “chegou o Natal e todos vamos morrer”. A cômica ironia da dicotomia entre nascimento e morte. Afinal, não é no Natal que celebramos o nascimento de jesus? Por que não celebrar o fim do mundo?!
SINOPSE
Em A Últma Noite (Silent Night – 2021), acompanhamos a história de Nell (Keira Knightley), Simon (Matthew Goode) e seu filho Art (Roman Griffin Davis – Jojo Rabbit 2019), uma família que está se preparando para receber amigos e familiares em um banquete de natal.
Entretanto, tudo muda quando descobrem que todos vão morrer. Após uma nuvem venenosa chegar sobre o Reino Unido, a extinção é iminente. No YouTube, já é possível ver pessoas sangrando pelos olhos e ouvidos. No entanto, mesmo nesta hora de pavor final, anúncios felizes são feitos, desentendimentos surgem, pessoas dançam e ocorrem fraquezas comuns.
DESENROLAR DA TRAMA
Se você espera por tensões e conflitos entre os personagens, pois saiba que terá. Estamos falando do último banquete da vida de cada um dos participantes.
Amigos e família, unem-se nesta data especial para poder entregar suas vidas e receber o apocalipse anunciado. Entretanto, é impossível que não surjam daí questões humanas profundas.
Traumas da infância, do passado, angústias, crise existencial, embaraços não resolvidos e medos. Tudo se une à aflição, apreensão e inquietação dos viventes que ocupam o mesmo ambiente.
A noite caminha adentro, silenciosa, imponente, abre espaço para o início dos brindes, das falas exaltadas, dos dissabores, das desconfianças, dos desgostos, das pessoas indesejadas, da fofoca, da bebedeira irresponsável.
E quando I’m gonna live Forever começa a esguelar em cena, é aí que tudo vira-se para uma grande loucura e o pequeno Art entra em cena.
Dalí para frente todas as questões que surgem, ricos e pobres, fim do mundo, notícias verdadeiras e falsas, crença e racionalidade, privilégios e preconceitos sociais; só são questionadas pelo jovem. Que assiste à insanidade daquele banquete sem compreender, muito bem, o que se passa.
A ÚLTIMA NOITE – TENTATIVA DE ACERTOS E ERROS
A trama é boa, tem potência, mas, talvez, Camille Griffin tenha se perdido, um pouco, na execução desta.
Assuntos de cunho fundamentais à sociedade, tais como a estratificação de classes, acaba por ficar à parte daquilo que poderia ser incrível de se falar a respeito.
No filme vemos que, os ricos, têm acesso à Pílula da morte, enquanto, os pobres, apenas aguardam quietos, calados e com ainda mais medo, pelo fim dos tempos em uma chuva tóxica.
O que, de ensejo, já se pode saber que há uma grande questão, crítica, a falta de cuidados do próprio homem para com o meio-ambiente. O ecossistema. A responsabilidade debilitada socioambiental que vivemos.
A ÚLTIMA NOITE – PONTO POSITIVO
O filme tem o peso certo de subsídios que o poderia enriquecer, um suspense bacana, uma angústia que deixa o espectador apreensivo e até o faz se importar com alguns personagens e questões.
Acredito, penso eu, na verdade, que Camille tem muito conteúdo e que tende a conseguir melhor alguns aspectos em seu próximo longa, quando este vier a ser executado.
Sem dúvida, o filme vale a pena ser conferido. Do meio para o final da trama o filme sofre uma positiva evolução tornando possível chegar ao cume da obra e ter apreço por ela.
É intrigante, não minto. O que nos leva adiante no desejo de entender o que se passa, realmente, com aquelas pessoas.
DESTAQUE DE ATUAÇÃO
Se você já assistiu ao filme Jojo Rabbit – 2019, então lembra-se perfeitamente da figura de Roman Griffin Davis, o pequeno e jovem gênio da atuação que foi o protagonista do longa à época.
Em A Última Noite, Roman interpreta Art, filho de Nell e Simon e com o mesmo artifício de brilhantismo que ele atribuiu à Jojo, um solitário garoto alemão, ele o faz com Art.
O ápice do garoto acontece quando o filme ganha seu start. Após muitas bebedeiras e o jantar rolando, Art é o único que tem consciência racional e prestativa a questionar o que está acontecendo naquele momento.
Se o mundo está acabando, por que os adultos estão agindo daquela maneira esquisita e ridiculamente irresponsável? Por que não se colocaram a perguntar e investigar se as informações que chegam dos meios de comunicação estão, de fato, corretas e verdadeiras?
Roman é fundamental para conseguir nos atrair para dentro do longa e nos levar até o fim da trama com a vontade de descobrir se alguma das questões acima será ou serão respondidas.
CONCLUSÃO
Parece um pouco louco e talvez o seja. Tanto na escolha da narrativa quanto na condução da trama. Em alguns pontos tem tudo para ser uma ideia de sucesso, mas, infelizmente, percebemos que Griffin acaba ficando um pouco perdida em sua própria condução.
Não desmereço, em nada, o filme. É bacana, vale a pena o tempo que se destina para assisti-lo e as questões que ele acaba trazendo, mesmo sem conseguir – nos diálogos e sequências – se aprofundar devidamente.
A filmografia é interessante, os looks bem escolhidos e os personagens bem construídos. O que ganha a nossa atenção.
Agora que você já se inteirou, um pouco mais, sobre a trama, tire um tempinho vá a um bom cinema e divirta-se com essa comédia dramática!
Ficha Técnica
Roteiro: Camille Griffin
Direção: Camille Griffin
Elenco: Keira Knightley, Matthew Goode, Roman Griffin Davis, Annabelle Wallis, lily-Rose Depp, Sope Dirisu, Kirby Howell-Baptiste e outros.
Distribuído por: Paris Filmes
TRAILER:
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