Já pensou em se vingar de um bandido?
Esse filme nos coloca entre a cruz e a espada, defender a lei ou fazer a lei com as próprias mãos.
O Jovem Djalma (Chay Suede) é um ladrão comum, acostumado a fazer o que faz. Está visivelmente confiante de que encontrou o carro certo, em plena a luz do dia. Seu objetivo é pegar o sistema de navegação de um suzuki novinho.
Quase sem ter medo de ser visto, rapidamente arromba a fechadura e entra. Seus hábitos lá dentro indicam o perfil do ladrão, tão habilidoso quanto desrespeitoso, ele deixa sua marca logo após retirar o aparelho.
Porém, não contava com o que estava por acontecer, estava prestes a ficar preso dentro do carro, já que o dono não era presa, mas caçador.
Logo o Djalma descobre que não pode sair do carro. Ele ficou preso em uma jaula. O dono do carro pensou em tudo e fez de um carro uma armadilha para ladrões. Sua única saída é falar com seu algoz.
O dono do carro é um médico que transformou seu principal objetivo de vida buscar a vingança. Sua principal motivação são as várias experiências em que o próprio foi roubado ou teve pessoas próximas prejudicada pelas mãos de bandidos.
Em uma personagem que, de leve, nos faz lembrar jigsaw de “Os Jogos Mortais“, ele faz das últimas vidas de Djalma um verdadeiro inferno, preso e sem possibilidade de comunicação com o mundo fora do carro.
Interpretado por Alexandre Nero, o ator tangencia a psicopatia ao mostrar um cidadão comum com os nervos à flor da pele, expressando a vileza de manter uma pessoa em cativeiro suplicando por sua vida.
Esse filme aborda, ainda de uma forma um pouco superficial, toda a questão entre direitos humanos e limites da lei, em que você não pode sair dos limites legais para ser um justiceiro.
Quantos de nós já não sentiu tão revoltado com uma situação de roubo? Quantas pessoas não tem seus aparelhos celulares furtados e nem mesmo terminaram de pagar as parcelas do mesmo?
Certamente a grande maioria de nós já sentimos na pele tamanha raiva e sentimento de impunidade que já desejamos que isso acabasse de qualquer forma, sem parar pra refletir em que implicações isso teria no coletivo.
O diretor desse filme é João Wainer, que em 2014 apresentou ao mundo uma de suas obras mais marcantes, “Junho, o mês que abalou o Brasil“. Documentário que aborda o levante popular de 2013 que exigia melhoria na saúde, educação e segurança pública.
João W. iniciou sua carreira como fotógrafo jornalístico, então certamente deve ter acompanhado de perto não só muitos casos de violação da lei como também a discussão sobre os limites dos direitos e deveres do cidadão no que diz respeito às atitudes que nos cabem tomar.
Todos já conhecemos Alexandre Nero das novelas e sabemos como ele se encaixa bem no papel de vilão. Ele usa desse ar malévolo pra torturar o ladrão em seu carro.
Já Chay Suede, é uma revelação com certeza. Ainda dá pra notar que ele tá fazendo seu caminho pro sucesso, mas certamente, lapidando suas habilidades deve conseguir chegar num lugar bacana.
Existem cenas muito bem feitas em termos técnicos de fotografia, belas composições com imagens e símbolos, e narrativa consegue nos colocar frente à situação desafiadora de o quanto humano nos somos diante de um sentimento tão fulminante quanto a revolta que a raiva gera.
Se você é a favor ou não de uma punição a um criminoso pelas próprias mãos, e de preferência com requintes de crueldade, esse filme vai te fazer repensar isso tudo novamente, para o bem ou para o mal.
Direção: João Wainer
Roteiro: Mariano Cohn, Gastón Duprat, João Cândido Zacharias
Elenco: Chay Suede, Alexandre Nero, Mariana Lima.
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