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GASPAR NOÉ – O POLÊMICO DIRETOR E SUAS OBRAS

Gaspar Noé, o polêmico, excêntrico, e irreversível gênio do universo cinematográfico

A nós, fãs da sétima arte, é impossível passar pela vida sem assistir à ela pelas retinas dos olhos vibrantes e a ponta da caneta pulsante do franco-argentino, Gaspar Noé.

Nascido em Buenos Aires a 27 de dezembro de 1963, o cineasta, ator, escritor, crítico de arte e artista plástico franco-argentino Gaspar Noé, têm uma extensa, intensa, irreverente, polêmica, angustiada, incômoda, (ultra)realista, chocante, única; jornada cinematográfica.

Noé é uma figura que divide opiniões entre: amor e ódio, repúdio e admiração.

Há quem seja fã defensor de suas obras de arte, que buscam descortinar a realidade humana. Trazer ao palco da sétima arte tudo aquilo que desejamos esconder de nós mesmos. Tudo aquilo que não queremos ver, que apesar de termos a ciência de que existe, não quer ser visto em tamanha explicitação nos cinemas.

O que há de mais perverso intrínseco a psique doente humana, o egoísmo e a toxidade, Gaspar Noé assume esta árdua tarefa de, através de sua arte, exibir tudo aquilo que deseja ser jogado para debaixo do tapete.

A essa maneira, ele coloca-se em paridade com grandes nomes como:  Lars Von Trier (“Ninfomaníaca”, Melancolia”, “Anticristo”) e Thomas Vinterberg (“A Caça”,Festa de Família”, “Submarino”). Ambos (Noé, Von Trier e Vinterberg) assemelham-se na qualidade de produção e estética – escrita e dirigida.

GASPAR NOÉ E SUA ASSINATURA

Nas tramas de Noé, não encontramos uma figura que seja exemplar, heroica, triunfo a humanidade. Pelo contrário, encontramos personagens que são dúbios, que nos instiga a dúvida entre defender e julgar. Entre gostar e detestar, entre chorar e rir, entre ter nojo e gosto.

E, talvez, podemos dizer que é na escolha destes personagens que reside o visceral – às vezes sutil, às vezes eloquente – click dos filmes deste incrível diretor. Até porque, não é fácil trazer às Obras cinematográficas este tipo de personalidade complexa. Ele constrói, em roteiros, de maneira exímia seus personagens.

O que, sem dúvida, complementa e enriquece seus feitos, é a escolha impecável dos cast de seus filmes. Julgo dizer que o faz a dedo, e talvez dê liberdade criativa aos atores e atrizes de maneira a fazê-los doar-se ao personagem suficiente e extraordinariamente.

Resultando, por tanto, em uma harmonia magnífica que nos envolve do início ao fim, na maioria de suas Obras. A mim, causa paixão! Admiração pelos pequenos detalhes, que são ricos, extremamente ricos em referências artísticas.

Posso soar um tanto quanto nostálgica, e sou! Afinal, causa-me extrema satisfação acompanhar a evolução de Gaspar Noé, bem como aguardar por mais e mais obras instigantes e insanas deste diretor. Que sacoleja e tira a qualquer um de nós, da zona de conforto.

GASPAR NOÉ – DOS CURTAS AOS LONGAS-METRAGEM

A falar um pouco de sua trajetória propriamente, ele iniciou seu trabalho com curtas-metragens e transitou destes para os longas, ampliando e fincando sua bandeira para não mais retirá-la.

Tintarella di luna (1985)” é o seu primeiro curta, e, deste até seu primeiro longa temos: “Pulpe amère (1987)”, “Carne (1991)” e “Une expérience d’hypnose télévisuelle (1995)”.

“Carne (1991)” é o seu curta-metragem mais conhecido, tanto o é, que em algumas citações, dizem que é a primeira obra do diretor. Porém, é equivocada esta afirmação.

GASPAR NOÉ – ALGUNS FILMES DESTAQUES DO DIRETOR

Passado os quatro primeiros curtas-metragens, ele traz ao palco das telonas, seu primeiro longa: “Seul Contre Tous – 1998 (Sozinho Contra Todos)” cuja trama perpassa através do foco na vida de um açougueiro que se sente oprimido pela sociedade e o mundo, em geral, e, como forma de revoltar-se, dá asas ao seu lado sombrio.

Repugnante, desprezível, misógino o personagem demonstra toda sua ira e aversão às figuras femininas ao seu redor. Sabemos, por tanto, que quando chegou às telonas causou impacto. Não menos do que o mais famoso e comentado filme do diretor.

Irreversible (2002)” julgo ser sua obra com a cena mais polêmica e incômoda, cuja duração voga seus 10 minutos que parecem uma eternidade. Gaspar Noé com sua típica câmera girante, que deseja marcar – de forma inteligente – a narrativa decrescente do Longa, captura momentos de verdadeira angústia

A narrativa que segue uma linha causa-efeito, traça uma história de vingança, ignorância, estupro, amizade e amor.

O filme inicia com o desejo de vingança do personagem Marcus (Vincent Cassel) saído de uma boate, na qual, de forma violenta busca um indivíduo. Segue para a famosa e indigesta cena de estupro, onde Alex (Monica Bellucci) é abordada por um homem hostil, dantesco, nojenta. Em 10 minutos de uma visceral cena, criada propositalmente para chocar o espectador. A superar este momento ápice de crueldade, chegamos à amizade e ao amor.

O que consigo perceber neste longa de Gaspar Noé, é um desejo, mesmo que nas entrelinhas, de demonstrar que certas escolhas poderiam alterar a trajetória drástica destes personagens. E, talvez por isso, tenha escolhido a narrativa de trás para frente, com o ensejo de provocar esta reflexão em seus espectadores. Que, apesar da genialidade pensada, ficaram mais espantados do que tocados – reflexivos.

Ademais, seguimos para seus outros Longas: “Soudain le Vide – 2209 (Viagem Alucinante)” aqui, tanto quanto em seu outro longa “Love – 2015”, a história é narrada com um entrelaçar e misturar de passado e presente, sem ter algo demarcado preciso. Com o estilo de câmera em primeira pessoa, a trama se desenrola e nos enrosca com o típico traço assinado de Noé.

Outro filme famoso e genial de Gaspar Noé, é “Climax – 2018”. A Obra traz a cena um terror, ou horror, demandado não de algo sobrenatural ou monstruoso, mas sim, da bad trip e bad vibe que nós, humanos, adentramos em algum momento de nossa vida.

Muitos mergulham neste momento, por não conseguirem ou encontrarem uma saída, uma ajuda, um porto. Jovens se reúnem para ensaiar coreografias e, nesta festa alucinante, alguém droga o ponche e todos se veem em uma trip louca.

Suficiente para colocá-los uns contra os outros e trazer À tona os fantasmas e sombras de cada ser. A forma como Noé resolveu dirigir este longa proporcionou o fenomênico sucesso desta Obra. Com as gravações rolando de forma orgânica, em um set de noventa por cento de improviso o resultado foi brilhante! Genuíno e harmônico.

Em “Vortex – 2021”, temos um diretor inédito. Sutilezas de narrativa que são diferentes de suas demais e polêmicas obras pré-postas.

O longa retrata a vida de um casal, interpretado por Dario Argento (diretor de horror italiano) e Françoise LeBrun, enquanto aproximam-se de sua derradeira hora de esvanecimento. Ele tenta escrever um livro sobre cinema e tem um caso extraconjugal. Ela é uma psiquiatra aposentada que continua prescrevendo medicamentos para si mesma (ainda que tenha diagnóstico de demência).

Ainda que o amor impere, unidos, são uma belíssima receita para catástrofe.

Mesmo que o tema da morte sempre tivesse presente nas obras primárias de Noé, “Vortex” a têm como sua protagonista e, é colocada de forma sutil de sem grandes violências ou afins. Os protagonistas findam-se aos poucos, findando o cérebro pouco-a-pouco nas vicissitudes da existência humana.

Se você é um fã confesso de Gaspar Noé, conte-nos qual é sua obra preferida do diretor e, se não és, conte-nos (também) porque ou o quê lhe incomoda nas tramas desenvolvidas e dirigidas por ele!

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