Desde o clássico: “A Bruxa de Blair”, não temos um filme de terror ao estilo found footage com tanta glória. “A Médium” eleva o tom deste gênero sendo um desafio aos próximos filmes que desejam seguir o mesmo caminho.
O estilo “found footage” é assim definido por produções que simulam filmagens caseiras, com câmeras tremidas, atuações em formato de realista ou testemunho e registros que, geralmente, são encontrados por outras pessoas, depois que os eventos capturados já foram concluídos. Ou seja, o formato de sucesso de “A Médium” e A Bruxa de Blair.
Outro aspecto que faz parte do tom elevado do filme, é a escolha de um roteiro que venha a retratar uma história de possessões demoníaca. Escolha que sempre esteve presente nos filmes de terror ou suspense e que caem no gosto popular facilmente.
Em resumo de seu contexto, no filme “A Médium”, Nim (Sawanee Utoomma) é uma médium bastante respeitada em uma cidade pequena no interior da Tailândia. De acordo com suas palavras, ela costuma receber o espírito da divindade Bayan, que protege e cura as pessoas na região.
Se, por um lado essa donação faz bem ao povo, por outro, é uma maldição em sua família, uma vez que é a divindade quem escolhe sua receptora, ainda que a pessoa escolhida nao tenha vontade de recebê-la. Isto torna a família de Nim, amaldiçoada por não ter uma justa escolha.
Outro ponto importante a destacar, é que apenas as mulheres são portadoras deste dom. Ou seja, a divindade sempre escolhe as mulheres da família de Nim, tendo passado de sua avó para sua tia no passado. Porém, quando chegou a vez de sua irmã mais velha, Noi (Sirani Yankittikan), ela recusou o chamado, obrigando, automaticamente, que Nim assumisse a função.
Agora, sua filha, Mink (Narilya Gulmongkolpech), parece apresentar os mesmos sintomas de quando a divindade a escolheu. Cada passo dessa história e seu desenrolar, estão sendo registrados por uma equipe de filmagem que queria documentar os médiuns da região. Porém, coisas estranhas começam a acontecer com a jovem Mink, e não tem nada a ver com o espírito de Bayan.
Nos primeiros quarenta minutos de filme, as cenas extensas e de filmagem em primeiro plano, no faz crer se tratar de vídeos realmente caseiros, retirados de um arquivo pessoal de uma família que já se foi. Talvez pela monotonia dos acontecimentos que de desenrolam.
Porém, depois deste tempo, as coisas começam a ganhar forma e ficar, realmente, assustadoras. Aí que se assume um tom mais comercial, sem deixar de ser magnifico e render brilhantismo às atuações e direção. Que, ainda sim, segura o estilo “cinema caseiro”.
A escolha de Banjong Pisanthanakun, diretor do longa, em explora bem sua localização , a mística e maravilhosa, Tailândia; traz outro aspecto inteligente a narrativa e direção. Pois, permite a Banjong usar como meio de expressão (ferramenta de trabalho), a cultura e o misticismo local.
A mestria da escolha vêm pelo fato de que, muitos de nós, é um expectador ignorante sobre estes fatos, totalmente alheio à cultura e vivencia quotidiana daquele povo. Tornando, pois, os rituais exibidos no filme, completamente aterrorizante e fantasmagórico, além de belos aos olhos e desejo de aprendizado.
Sabemos, no entanto, que o filme não retrata o tipo de possessão demoníaca que estamos acostumados a assitir nas produções hollywoodianas. E, ainda sim, se mantém no centro da narrativa como um arco muito bem orquestrado.
Nos primórdios da trama, a gente vê a personagem Nim colocar abaixo os esteriótipos deste tipo de filmagem: que são tais como a mudança de voz e as contorções.
Aqui está outra sacada importante e genial, que aproxima as filmagens de uma realidade arrepiante, que vidra o espectador e o faz, “olhar para o lado”, para garantir que está tudo certo.
Nesta segunda metade do longa, que dita o novo ritmo e traz algumas questões para nós, vem mostrar os comportamentos controversos de Mink, que, como mencionado anteriormente, começa a demonstrar os sintomas que dia mãe, Noi, demonstrara no passado.
Aparentemente, Mink está sendo castigada pela escolha de sua mãe, se ela também se recusar a receber está entidade predestinada à família, pode sucumbir a riscos mais altos do que se imagina. Naturalmente, por medo ou vontade de rebelar-se, ela resolve seguir os passos da mãe, e aí a gente se pergunta se é por escolha própria ou escolha influenciada; e não quer participar da cerimônia de aceitação. A partir daí, tudo muda de figura.
Até porque, (SPOILER A PARTIR DAQUI) ao passo que Mink rejeitou sua entidade, ela abriu portas para várias outras, vários espíritos opressores e renegados para ocupar o mesmo espaço que ela. Dentro de si mesma. Deste ponto em diante, temos várias ocorrências estranhas, tanto com Mink quanto com sua família.
A Médium, sua tia Nim, busca reunir todo esforço possível para ajudar a sobrinha. A princípio,na mãe nega e leva a situação ao pior do pior. Pois, quando enfim pereceb a necessidade de ajuda, desacredita nos métodos da irmã, pensando que ela não a desejava ajudar e, abre o corpo da própria filha para aceitar tudo que há de ruim e obsessor a sua volta.
O caminhar da trama é cheio de tensão, para nós, que assiste. A busca por uma solução espiritual efetiva necessária ao exorcismo, parece levar a um sucesso, porém, é o próprio caos e desastre. Desde a tentativa de ajudar Mink, até a morte misteriosa da Médium Min.
As cenas são vibrantes e assustadoras, completamente sobrecarregadas de simbologias e belezas peculiaridades da cultura em vigor. Também, de um certo exagero caricato de mortos usados como instrumento assassino, zumbificando estes.
A moral da história, por fim, a qual conseguimos chegar é: que se você tem que receber uma entidade,não brinque, não recuse! Você tem que receber e fim; não pode recusar, porque se não, desestrutura tudo e o seu mundinho ali!
Outra importante coisa que pude notar e ressaltar, aliás, também é um SPOILER é que: a última cena foi bem reveladora. Foi uma pergunta feita pra Nim antes dela morrer.
O superior espiritual de Nim, que tinha um conhecimento mais elevado e possuía um espaço, um templo onde acolhia e ajudava as pessoas, perguntou a ela, antes de sua morte: “O que aconteceu na frente do altar?”, porque o ritual que ela estava tentando fazer no altar, no meio do filme, não deu certo (a ponto de seu altar ser todo destruído).
Nim responde-o, dizendo não saber o que poderia vir a acontecer no dia da cerimônia de Mink, que eles estavam preparando/planejando. Porque poderia não significar nada.
O homem insiste e questiona a ela: “o que isso quer dizer?” Ela o responde gerando uma dúvida: “nunca tive certeza se a [entidade boa, Bayan] possuiu ela realmente ou não”. Isso significa que ela pode ter invocado um espírito maligno esse tempo todo.
Mas, como um espírito maligno poderia ajudar tanta gente do bem? Como poderia curar as pessoas que procuravam por ela? Fazer coisas boas para estas pessoas? A possível resposta é simples: às vezes isso tudo foi parte do plano maligno dos ou do espírito que estava com ela por estes anos.
Desejando arquitetar tudo, para buscar vingar-se da família dela ou aplicar uma lição. Demonstrando que, ao recusar um dom que poderia vir a ajudar várias pessoas, revendo uma entidade boa, as consequências são péssimas e catastróficas.
Por fim, no meu parecer, é um bom filme.
TRAILER:
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