Os rumos dos filmes populares brasileiros estão de fato consolidando uma tendência, colocar valores das ditas minorias, como protagonistas em meio a mensagem final das histórias.
Já não será a primeira vez que você vai ter a oportunidade de assistir um filme feito comediante que representa classes mais econômicas de base da sociedade. É comum que eles representem, com um humor característico, as dores da população.
Neste file, Uma pitada de sorte, a atriz Fabiana Karla representa Pérola, uma mulher que quer ser cozinheira e também é uma moradora de periferia
Com um empurrãozinho da sorte, consegue um trabalho na TV. A partir daí, a história mostra pra gente várias perspectivas que giram ao entorno de sua personalidade e aparência física.
Pérola faz jornada dupla pra ajudar com os negócios da família mas não esquece do seu sonho. Uma personagem acima do peso, trás também pra tela questionamentos sobre os padrões de beleza na sociedade que vivemos.
Fabiana se destacou atuando em personagens com este perfil desde o começo de sua carreira. Se puxarem da memória, em mais ou menos em 2004 ela fez sucesso com sua frase de efeito “isso não me pertence mais” dentro do programa Zorra Total, da TV Globo.
Há claramente uma pequena mudança de estilo desde essa época pra personagem que se apresenta hoje, mas não que seja descaracterizante. Neste filme, Karla não faz uma personagem com características tão estereotipadas.
Ao mesmo tempo, provavelmente pelo longa-metragem ser um em uma ocasião mais adequada pra isso, ela parece abordar e questão cultural sobre seu peso de uma forma bem mais marcante do que em suas personagens históricas de antigamente.
Neste filme, ela vai passar por flertes e a vivênia de um verdadeiro amor, como é de se esperar em uma comédia romântica. Apesar disso, a luta de Pérola por tornar seu sonho realidade, é o centro da narrativa.
É também interessante notar que, dentro da narrativa, a questão sobre os padrões de belez é abordado sutilmente, e isso talvez faça até mais sentido pra quem quer dizer pra sociedade que, estar acima do peso não é um problema e deve ser tratado com naturalidade.
Com todo esse protagonismo, bastante centrado em Pérola, eu senti um pouco de falta de desfecho de outros plots paralelos que a história tem. Acho que com uns 10 minutos a mais, para isso, já seria o suficiente.
As personagens estão bem localizadas na história e combinam bem entre si, e a gente fica esperando saber com mais clareza como foi a finalização para elas.
Um bom exemplo é Regiane Alves, que faz o papel da vilã e, mesmo sendo a malvada, tem algumas reviravoltas nesse sentido. Ao final do filme, ficamos na na dúvida se ela está vinculada ao desfecho, mesmo que essa ideia fique subentendida.
Com mais ou menos 5 anos de atraso no lançamento, é um filme marcado pela mulher batalhadora e forte que é Pérola. Ela vai enfrentar humilhações e com seu jeito bem simples e humorado, a solução sempre vem.
Assim como é a vida do brasileiro médio, sempre contamos com nossa família e amigos pra superar dificuldades e compartilhar alegrias.
Elenco:
Fabiana Karla (Pérola)
Regiane Alves (Margô)
Jandira Martini (Gina)
Mouhamed Harfouch (Lugão)
Obrigada pelo seu comentário! :-)