Napoleão chega às telonas nessa quinta-feira, dia 23 de novembro. A obra de Ridley Scott tão aguardada, é um encanto para os olhos e para os apaixonados por cenas clássicas de guerra, mas, peca em seu roteiro: entregando tudo em atuação e tão pouco em roteiro.
Quer saber mais? Continue conosco nessa matéria para saber mais sobre esse filme que chaga nas telas hoje!
Se você é um amante de filmes que são fidedignos à história, contando tudo aquilo que os historiadores buscam, já vou lhe desafiar a diminuir as expectativas. Napoleão é uma narrativa de criação livre, certamente busca algumas narrativas históricas, mas divaga pela criação livre do roteirista.
E, por falar em roteirista, se você sentir uma semelhança com a série “The Man In The High Castle”, não está errado(a), Ridley fez parte da produção executiva da série e David Scarpa roteirizou alguns episódios. Scarpa é o responsável pelo roteiro da trama do novo longa de Scott.
O roteiro peca em não aprofundar-se mais em alguns diálogos e nos próprios personagens, deixando-os um pouco perdidos sem compreender se a proposta da narrativa é compreender os acontecimentos do ponto de vista de Josefina ou do próprio Napoleão. Arrisco dizer que, essa concepção ou “clareza” de que a narrativa de história de Napoleão fora feita através da ótica da Josefina, aparece-nos apenas no final. Quando a voz dela se faz presente como um fantasma narrativo. Além das trocas de cartas onde temos a sua voz, mas não a sua presença “física”.
Talvez tivesse sido muito inteligente explorar melhor a própria história da Imperatriz Joséphine Napoleon (brilhantemente interpretada pela atriz inglesa Vanessa Kirby: “The Crown”, “Mission: Impossible – Fallout” e “Mission: Impossible – Dead Reckoning Part One”), podendo aprofundar-se no olhar que ela tem de Napoleon Bonaparte (protagonizado pelo exímio Joaquin Phoenix, que também fez parte da produção do longa junto à Scott e outros).
Apesar desta pequena falha, a linearidade construída para falar do ambicioso militar que ascendeu à Imperador da França, tem seu charme e vale a pena o seu ingresso. Há uma boa dose de humor (sinto que proposital) que não é prejudicial à narrativa mas, casa bem com a situação colocada. Acima de tudo, não fosse pelas atuações brilhantes dos protagonistas, a vida atribuída ao roteiro seria pueril e insossa. Atribuo esse “glow” aos atores.
É importante ressaltar que Napoleão fora uma figura histórica cuja vida era extensa. Cujos feitos, glórias e derrota, não caberia em um filme de 2h30min, ainda sim Ridley e seu time conseguiram trazer uma visão grandiosa e espetacular para esta notória figura. A genialidade de sua parte (Ridley) é não abreviar a jornada de Bonaparte o que pode causar, em algumas pessoas, a sensação de filme mais “arrastado”, o que faz jus aos filmes de guerra.
O filme inicia-se com sua vitória no “Cerco de Toulon 1793” e finaliza com sua derrocada em “Waterloo 1815”. E, claro, a cena hipnotizante da “Batalha de Austerlitz”, o lendário triunfo deste homem genial e estrategista.
Por falar em estrategista, fora algo que senti falta ao longo da narrativa, que mostra muito pouco as estratégias cunhadas por Napoleão em suas batalhas, atribuindo o foco a outros detalhes, mas compreendo, aqui esbarramos novamente com a questão do tempo. O que pode nos deixar a sensação de um roteiro tão acumulado de coisas para contar, que não conseguiu abarcar tudo. E cá estou eu, de novo falando do roteiro.
E cá estou eu, de novo falando do roteiro. Em defesa, é uma questão pessoal de amor e dissabor. Talvez, na versão estendida do diretor, a gente possa ver o legado de Napoleão ser melhor explorado, bem como a tríade de sua ascensão, cunhada por: a vida militar (com seus trunfos inegáveis que espalhava o temor pelo continente europeu), a vida política (com sua ascensão por golpe na frenesi da Revolução Francesa) e a sua vida amorosa (sua obsessão amorosa e eloquente com Josefina).
Ridley Scott explora muito bem seu elenco e sua equipe de produção, filmografia impecável, fotografia de tirar o fôlego e nos fazer mergulhar na França Revolucionária e nas batalhas sangrentas, épicas, emocionantes e hipnotizantes. Sem falar do figurino que encontra-se impecável em cada detalhe minucioso que a gente nota ao decorrer da trama. A meu pensar, a trilha sonora acompanha exatamente aquilo que ela tem de acompanhar e serve-nos bem! A equipe de cenografia teve bastante trabalho e, sim, valeu a pena cada minuto de dedicação. Por fim, a equipe de edição, efeitos especiais merecem uma salva de palmas!!, as cenas de batalhas são de tirar o chapéu.
Por fim, uma das mais esperadas obras do ano vale a pena sim o seu ingresso, seu tempo à frente das telonas e sua permissão de deixar-se envolver pelo amor eloquente de Napoleão pela França, sua mãe, Josefina e a ambição pelo poder. Bem como, a reflexão que fica sobre o legado gigantesco que ele deixou pra história-História. Talvez dar uma atualizada sobre aquilo que você sabe a respeito da Revolução Francesa e dos representantes da burguesia que deram início a tal, não seja de todo ruim (risos).
Pois ouso aqui dizer que é possível que Vanessa Kirby e Joaquin Phoenix sejam indicados nas premiações pela atuação de ambos. O elo que eles conseguiram nos transmitir a respeito da relação que Josefina e Napoleão edificaram entre si, é instigante, nos faz desejar mais e mais daquela relação excêntrica, uma montanha russa de dissociação e aproximação. Merecido será se ganharem.
Trailer:
https://www.youtube.com/watch?v=EI_4r-zM4c8
Data de lançamento: 22 de novembro de 2023 (Brasil)
Diretor: Ridley Scott
Produtoras: Apple Studios, Scott Free Productions
Cinematografia: Dariusz Wolski
Direção de arte: Arthur Max
Roteiro: David Scarpa
Elenco: Joaquin Phoenix (Napoleon Bonaparte)
Vanessa Kirby (Empress Josephine Bonaparte)
Edouard Philipponnat (Alexandre)
Matthew Needham (Lucien Bonaparte)
Outros
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