Mergulho noturno tenta surpreender, mas acaba sendo um suspense boiando no raso.
A produção que conta com nomes como James Wan (Invocação do Mal, Jogos Mortais), e Jason Blum (dono da Blumhouse, uma das grandes produtoras atuais de terror), gera em nós uma expectativa de um filme de terror que possa vir trazer um frescor para os demais filmes já existentes nos últimos anos.
Entretanto, ele fica apenas ali, naquela piscina rasa, tentando desenvolver uma trama que acaba não sendo tão atraente quanto poderia. O filme com um elenco em potencial, acaba não sendo bem explorado como deveria.
Continue conosco nessa matéria para saber mais sobre esse lançamento dos cinemas, Mergulho Noturno!
Mergulho Noturno é um longa que tem uma possível trama e traz alguns problemas que poderiam ser melhor tratados, poderiam ser inseridos dentro de um suspense que traria para o filme um ápice mais inteligente. É um roteiro que deixa a desejar, embora o seu criador (Bryce McGuire que também dirigiu o filme) tenha um potencial gigantesco para trazer um roteiro mais consistente e uma direção mais elevada. A tentativa de falar sobre ambições, sobre perdas, sobre escolhas difíceis que precisam ser feitas, sobre o medo, que é extremamente subjetivo em vários momentos, nós mostra uma constante potência de algo que acaba não acontecendo, ficando muito raso, infelizmente.
Quando o filme começa a rastejar para o mergulho fundo, ele volta para o raso ou ele volta a boiar.
Ainda assim, se você é daqueles que adora filmes de terror ou suspense e quer ver em família, vale a pena assistir, pegar uma pipoquinha e bora, dedicar tempo ao filme. É um filme rápido, que não tem muita enrolação com a história, mas ainda assim vai ser um filme que você vai sentir falta de entender certas coisas. Quando eu digo que você “vai sentir falta de entender certas coisas”, estou dizendo de um roteiro que desenvolva bem as histórias e que amarre bem os contextos do filme.
O que há de principal e que o roteiro de Mergulho Noturno deveria ter entregue e não entregou é a lenda por detrás de toda a maldição da piscina. Bryce utilizou a ideia muito comum nos filmes de terror, que são objetos amaldiçoados e que por trás desses objetos amaldiçoados há uma história. Às vezes, inesperada ou até lógica, às vezes bizarra e sem pé nem cabeça ou às vezes muito inteligente e bacana. Contudo, não tivemos isto nessa história. Existe ali uma lenda que você não consegue saber a origem. A história se passa dentro do território norte-americano e a lenda (aparentemente) tem uma escrita e pronuncia que nos leva a acreditar que não é uma língua norte-americana, ou se é, pode ser uma língua de origem indígena, talvez, mas enfim, é uma coisa que poderia ter sido muito bem explorada e não foi.
E faz falta, faz falta você entender a origem da lenda, entender porque que essa lenda começou, entender qual foi ali o ponto zero, ou a primeira pessoa que se envolveu tanto nisso tudo, que trouxe essa maldição, trouxe essa lenda.
Outra coisa incomoda é que alguns roteiristas e diretores sempre colocam a natureza, principalmente nos filmes de suspense, terror ou trágicos, como uma moeda de barganha. E a natureza sempre vai ser má.
Isso me pega um pouco, sabe?! É mesmo necessário usar de vilania para com a natureza?! O que talvez ele tenha desejado dizer (fazer uma analogia ou uma alegoria), que a natureza não é má, mas a condição humana que tem essa possibilidade de maldade ou desse “toma lá da cá”, ou de tudo que eu te dou te cobro, e se você não dá aquilo que eu quero, eu não me dou por satisfeito e prejudico você, enfim. Acredito que tenha sido neste sentido que ele quis levar o rumo, a “natureza” humana e que não foi bem desenvolvido, muito embora poderia ter sido melhor explorado na trama do filme.
Em relação aos jump scares do filme, na minha concepção foram bem ok!, não são tão surpreendentes mas, estão lá, cumprindo seu papel. Os “bichos feios” não são tão assustadores quanto de costume, os CGIs não foram apavorantes. Então, da para assistir sem ficar com esses rostos estranhos perpetuando a nossa mente depois. Entretanto, acho extremamente importante ressaltar que a direção de câmera do Bryce é muito boa. Ele fez um excelente trabalho com a direção de câmera. As cenas estão bem gravadas, são boas, como eu disse, têm um potencial muito interessante. O Bryce tem um potencial muito bom.
Algo que eu acho extremamente legal é o fato de James Wan buscar trazer pessoas novas para que elas possam explorar, através de um novo olhar, os conceitos, as execuções, a direção dos filmes de terror da atualidade. Então, nomes grandes e importantes para o terror, como o do James Wan, proporcionar para quem está começando agora a direção de um filme, a coprodução de um filme, é extremamente importante.
É preciso valorizar quem está chegando. É preciso dar espaço para quem está chegando mostrar a que veio, mostrar que consegue produzir coisas boas e trazer coisas boas para o mundo do cinema, nos gêneros de terror e suspense. Por tanto, eu ressalto que o Bryce tem muito potencial e que ele possa ter e realizar mais parcerias com o James Wan e outros, para explorar melhor suas habilidades, amadurecer. Trazer para nós futuros filmes que sejam bem sucedidos no gênero de terror e suspense.
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