“Imaginário Brinquedo Diabólico (Jeff Wadlow)” é o novo filme da tão aclamada Blumhouse, porém, esse longa de suspense do início ao fim, vem sem grandes emoções e não traz nenhuma novidade.
Eu gosto da Blumhouse, entretanto, vê-se claramente que ela vem perdendo seu gancho de como trazer boas obras de terror, suspense e afins para as telonas. Apostando em filmes clichês e esvaziados de um bom enredo aterrorizante, como os clássicos que tanto amamos.
As últimas produções da casa (Mergulho Noturno, 2024 e Five Nights at Freddy’s’, 2023) foram decepcionantes e pouco movimentaram o gênero, mantendo-o órfão de boas criações. Talvez seja porque, para quem gosta de verdade, ficou mal-acostumado como, O Exorcista (1973), Suspiria (1977), A Bruxa (2015), Psicose (1960) e por aí vai.
Fica a questão, inclusive, se é proposital no intuito de seguir a demanda hollywoodiana para levantar visibilidade comercial ou se é preguiça. Porque mentes inteligentes para fazer acontecer, eles têm. Afinal, alguns diretores, roteiristas são muito bons e conseguem entregar trabalhos tão sem grandes emoções.
IMAGINÁRIO BRINQUEDO DIABÓLICO: ENREDO
O longa-metragem conta a história de Jessica (DeWanda Wise) e sua mais nova família, uma mulher que traz consigo uma grande bagagem de traumas de um passado não muito distante.
A brilhante ideia de retornar para a casa de infância ao lado do marido, Max (Tom Payne), e das enteadas – Alice (Pyper Braun) e Taylor (Taegen Burns), reativa todos estes traumas e elevam a um nível insano de ocorrências duvidosas e clichês.
A começar pelo fato de ela e a enteada mais velha, Taylor, não terem a melhor das relações. Sendo essa estabelecida de forma mais afetuosa, receptiva e estreita com a jovem criança Alice.
Após se mudarem para o subúrbio a fim de começarem um capítulo novo de suas vidas, Alice encontra um ursinho de pelúcia e estabelece um vínculo, de cara, com o adorável amiguinho imaginário. Batiza-lhe, do nada, com o nome de Chauncey. Ao decorrer da trama, suas ações levam Jess e Max a acreditarem que aquilo é apenas uma forma da jovem menina lidar com tantas mudanças e com certos fantasmas que continuam voltando a atormentá-la.
Entretanto, as coisas mudam drasticamente de forma quando Jess percebe que, de alguma maneira, Chauncey está induzindo Alice a fazer coisas terríveis e que podem colocar todos ali em perigo mortal.
IMAGINÁRIO BRINQUEDO DIABÓLICO: CONSTRUÇÃO DA HISTÓRIA
O filme se constrói em cima da narrativa citada acima, quando Alice se depara com seu novo amiguinho imaginário e as coisas, que até então eram fofinhas, começam a sair do controle.
“Imaginário Brinquedo Diabólico”, em certa medida, até parece um conto infantil da Disney que resolveu usar suspense para amedrontar adultinhos traumatizados. Sério, o caminhar da narrativa infanto-juvenil de uma menininha aprincesada em perigo, é muito parecido com os contos de ninar.
Embora o filme se destaque pela abordagem, talvez única, mantendo a qualidade da atmosfera sombria, a trama não ajuda muito. Os diálogos são pobres e um tanto forçados, a construção das personagens é um tanto solta e sem harmonia entre si. Empobrecendo ainda mais o roteiro.
O início do filme vai caminhando, te trazendo alguns elementos necessários, mas, não surpreendentes. Aquela coisa do previsível, sabe?! Pois bem, é o que temos em grande parte de suas quase duas horas de duração.
Ponto positivo? O filme vai te prender do início ao fim, porque ele mantém o suspense para chamar a atenção. Então você vai querer saber, entender, se é algo sobrenatural de um objeto possuído, um espírito maligno ou só a imaginação fértil de uma criança sofrida.
IMAGINÁRIO BRINQUEDO DIABÓLICO: DIREÇÃO
Jeff Wadlow (Verdade ou Desafio, 2018 e Ilha da Fantasia, 2020) é um velho conhecido da Blumhouse, inclusive, os títulos citados também são da casa. Um diretor que tem potencial, não nego, gosto. Mas, vem entregando a mesmice sem grandes palpitações em nossos corações.
O que é uma pena, porque é como seguir um script empobrecido que atrai um público pouco exigente, pouco apreciador do gênero de fato. Afinal, quem tem como visão os históricos de filmes clássicos de terror, não se deixa levar por qualquer coisa chegada aos cinemas nos últimos anos.
Não fosse pelos demais núcleos da produção, penso que seria mais chato assistir ao filme, porque sem a participação da equipe de criação, design, som, maquiagem e afins, seria um filme de princesa que deu errado.
IMAGINÁRIO BRINQUEDO DIABÓLICO: VALE A PENA?
Não conseguimos dizer que é um filme integral que vale a experiência de cinema, parece apenas um jogo feito para brincar em casa, ou algo feito para streaming e não para uma experiência cinematográfica.
O filme caminha na corda bamba entre tédio e inspiração, inspiração com o setor de criação e tédio com o restante. O caminhar da história, o conviver dos personagens, a reviravolta da narrativa, a tentativa de acertar e as bizarrices que não se encaixam.
Personagens que não fazem sentido existir, alguns que são desperdiçados, uma viagem pelo mundo da imaginação que reside em um Cosmo bem além do nosso, que poderia ter sido incrível, bem elaborado e novo; mas que não conseguiu voar.
Ao menos, o filme já se mostra, desde o início, sem grandes tentativas de alavancar um grande enredo.
Não sei se há uma tentativa de homenagear It – A Coisa (1990) ou Beetlejuice (1988), mas algumas construções e situações pode até lembrar estes dois clássicos. Só não creio que tenha funcionado tão bem.
Jumpscares são bem empregados, sem exageros e fica aquela coisa um tantinho óbvia, com algumas figuras não identificadas borradas ao fundo, sem grandes aparições. Desvinculando de filmes de exorcismo, por exemplo.
Mais uma vez cometem o mesmo erro de seu último filme de terror, em colocar uma lenda que não é bem explicada e que fica boiando dentro da narrativa, mais do mesmo!
Infelizmente um filme que poderia ser uma grande aposta, falha em entregar algo gigantesco. Entrega um filminho pipoca com família, não um filmaço cinema. Desapontamento, é nossa sensação para “Imaginário Brinquedo Diabólico”.
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