GHOSTBUSTERS 4, UMA AVENTURA ARREPIANTE? -

Para os fãs de Ghostbusters, do clássico aos atuais, este novo título é uma aventura arrepiante apenas no que diz respeito ao título.

Desde o terceiro filme, “Ghostbusters Mais Além (2022)”, a gente acompanha uma tentativa de nostalgia com uma dose de algo novo, que busca certo frescor sem perder a pompa. Entretanto, não é bem assim que acontece.

O filme busca uma nostalgia constante, trazendo o elenco do filme clássico, trazendo elos dos filmes clássicos, trazendo alguns fantasmas, algumas histórias e alguns retornos dos personagens antigos dentro dos contextos que eles atuam.

Embora o filme tenha um desejo de algo novo, de frescor, ele acaba entregando mais do mesmo, porque. Não tem inovação.

Ao longo da narrativa, a gente consegue sentir que o filme força algumas situações para poder ganhar espaço, ganhar ritmo e chegar até o fim com pouco de conexão.

Alguns dramas familiares, um ou outro diálogo inteligente, um ou outro diálogo forçado, algumas piadinhas e um pouco de ausência de novidade.

Cinematograficamente, Ghostbusters Apocalipse de Gelo, é bem trabalhado, bem executado. Alguns efeitos especiais que são completamente nostálgicos, a ideia de prender os fantasmas, mas poder estudá-los e mantê-los ainda visíveis ou poupáveis de alguma maneira, é a grande novidade que o filme consegue trazer, que a narrativa consegue trazer.

A gente sabe que o cerne da franquia é a captura de fantasmas, mas, o que Ghostbusters quer, de fato?

Um dos personagens clássicos monta um espaço de estudo da paranormalidade, onde ele consegue, com perfeição, ser. Separar o ectoplasma do objeto para com o espírito e ter a oportunidade de estudar esses fantasmas, ao invés de simplesmente trancafiá-los.

E aí talvez isso aconteça no intuito de colocar algumas questões: “será que a tecnologia é mesmo capaz de conter os fantasmas?”; “Será que no meio dessa vastidão, daquilo que ainda não é conhecido, não surgirá algo tão poderoso que nenhum estudo, nenhuma ciência, nenhuma tecnologia será capaz de segurar, será capaz de abarcar?”.

Estas, possivelmente, são duas questões que se apresentam como opções de reflexão dentro da trama (ao meu perceber).

A partir desse ponto, a gente tem o grande vilão do filme que, obviamente, é um ser lendário, sobrenatural, e que tem sua origem em uma história um tanto mal explicada. Como se colocada “as pressas”.

Assim posto, se desenrola para tentar trazer um desfecho incrível e heróico para o próprio roteiro-filme.

Resalto que eu senti falta de ter uma melhor explicação em relação a lenda de onde surgiu este ser.

É entregue (a história), de alguma maneira, mas, por exemplo, a personagem (a tal avó misteriosa) que faz a conexão entre a esfera mágica, que estava aprisionada em um quartinho dentro de um apartamento, não é mencionada. Não traz a história daquela mulher que provavelmente foi uma guardiã, foi uma guerreira e deu sua vida para que essa criatura ficasse aprisionada.

Simplesmente você tem ali os elementos de guerra, uma armadura especial, alguns objetos, provavelmente utilizados durante os rituais de caça e aprisionamento da criatura mística; e um personagem que era para ser o grande herói dizendo que não sabe de nada.

Como pode, um personagem que nunca soube da história de sua avó, nunca soube da história da ancestralidade da sua família, consegue desenvolver habilidades repentinas, complexas e difíceis de se executar em um curto tempo de aprendizado?!

Chega a ser ridículo , com todo respeito ao ator, que é excelente. Até porquê quem o ensina é um garoto que nunca teve contato nenhum com esse dom ou habilidades.

Minimamente, espera-se que seja passado de geração para geração, ou seja, a avó misteriosa poderia ter ensinado algo para ele. Das escrituras às práticas.

Para mim, é um grande furo de roteiro que fica desconexo e pueril. Resultando, por tanto, em muitas pontas soltas que não vão ser amarradas e talvez não caiba em futuros filmes da franquia.

Encerro dizendo que Ghostbusters Apocalipse de Gelo, é, na minha opinião, um esvaziamento de criatividade. Um desejo de trazer tanta narrativa e tanta novidade, que não conseguiu amarrar nada e ficou assim, jogado ao vento.