Escrito, estrelado, produzido e dirigido por Dev Patel, “Fúria Primitiva (Monkey Man)” se mostra como um filme polêmico com muita ação, crítica social, sangue, pancadaria e um tanto de originalidade.
Dev Patel (“Quem Quer Ser Um Milionário“,” Lion: Uma Jornada Para Casa“, “O Último Mestre do Ar“), surpreende ao estrelar como roteirista, diretor e produtor de seu próprio longa. Para além da interpretação, potencial que já conhecido por nós.
Um filme polêmico que envolve as questões culturais, expressões religiosas, máfia, família, amor, orientação afetiva, sexualidade e afins. Tudo isto em uma Índia que a gente, certamente, nunca viu.
FÚRIA PRIMITIVA – ENREDO
Patel é Kid, um jovem que ganha a vida em um clube de luta clandestino, onde, usando uma máscara de gorila, é brutalmente espancado todas as noites por lutadores mais populares.
Após anos de raiva contida e uma vida muito dura, Kid encontra uma maneira de se infiltrar na elite da cidade.
À medida que seu trauma de infância ressurge, ele não mede esforços para acertar as contas com os homens da alta sociedade que tiraram o pouco que ele tinha.
DESENVOLVIMENTO DO LONGA
O longa, de seu início ao seu grande final, apreende a nossa atenção, fazendo-nos ficar vidrados à tela sem perder um único “flash”.
A história que vai ganhando corpo à medida em que o filme se desenvolve, coloca-se muito bem. Talvez, careça de alguns poucos elementos para complementar o roteiro, mas nada drástico ou que invalide tal.
As abordagens criativas que Dev Patel traz em seu longa, é uma certa originalidade quando a gente pensa no rumo que os filmes de ação vêm seguindo, principalmente após a saga “John Wick”.
Que, aliás, é um desejo de Patel seguir um rumo diferente, há uma menção em ode ou ironia.
Embora haja muitas cenas de ação, não fica margeado o contexto histórico e intencional do roteiro, sabendo lidar com ambos de forma harmoniosa. A história está presente em todo contexto, ela se desenrola de forma crescente e acompanha a ação.
FÚRIA PRIMITIVA – PAIXÃO DE PATEL
Dev Patel abraçou a causa de seu próprio filme com tudo que poderia, rompendo padrões, dedicando-se de corpo e alma. Da escrita à direção, seu filme tornou-se o grande projeto pensado e iniciado antes da pandemia.
Enfrentando diversos problemas, como a pandemia, baixo orçamento, um momento de paralização porque Patel quebrou a mão, esbarrando em contextos políticos e ainda maiores; o filme foi um gigantesco desafio que o estreante enfrentou com garra.
Literal e figurativamente, deu seu sangue para que pudesse chegar às telonas. O primeiro contrato do filme foi com a Netflix, que pagou alguns milhões pela realização do filme, porém, quando descobriram que seria bem diferente daquilo que esperavam, desistiram dos direitos autorais.
Essa desistência da Netflix se deu pelo contexto polêmico do filme, que retrata uma Índia que não conhecemos e que não nos é apresentada nos longas hollywoodianos, uma Índia cuja criminalidade, manifestação religiosa, cartéis, LGBTQIAPN+, se misturam, se atravessam e enfrentam toda estrutura cultural arraigada.
CONCLUSÃO
O filme, que não podemos chamar de um John Wick indiano, é uma obra que possui sua originalidade, busca encontrar o seu próprio enredo, segue linhas e crenças que são muito íntimas e caras à Patel, sendo abraçado por Jordan Peele, que certamente enxergou o gigantesco potencial do filme.
Se você busca um filme de ação, totalmente diferente dos convencionais, com muita história e uma Índia que vem de uma realidade a qual não estamos familiarizados, não perca tempo e vá prestigiar essa obra!
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