Maníaco do Parque chegou ao serviço de streaming na última sexta (18 de agosto), Maurício Eça retorna com um caso visceral! O longa discute os impactos causados pelo Serial Killer ao mesmo tempo que inverte o protagonismo, adicionando protagonismo feminino, sob um olhar atual.
Continue conosco nessa matéria para ficar por dentro desse novo longa brasileiro!
Para aqueles que se adoram um “True Crime” (os famosos casos de crimes reais), podem se preparar para vários momentos de tensão que causam arrepios”, mas a história pode causar uma quebra de expectativas. Com um enredo distante ao que ocorreu na realidade, criando uma narrativa própria para o filme.
DIREÇÃO – O OBJETIVO DE MAURÍCIO EÇA
Maurício Eça retorna com seu estilo particular de mergulhar em crimes reais, utilizando uma
narrativa provocadora e emocionalmente densa. Após o sucesso de “A Menina que Matou os
Pais”, Eça volta a explorar as complexidades psicológicas e sociais de criminosos famosos, mas
agora com um enfoque ainda mais profundo na perspectiva de uma protagonista feminina. O diretor repudia a fama e a centralização sobre Francisco de Assis Pereira, nome real do Maníaco do Parque. Transportando o enfoque para suas vítimas, dedicando tempo de tela e bastante diálogos expositivos, que muitas vezes soam repetitivos, sobre o impacto do agressor em suas vidas. A centralização no feminino introduzido é interessante, e permite para uma nova geração compreender os pensamentos que permeavam a época, e o quão pouco se distanciam das questões em destaque nos dias de hoje.
ROTEIRO – UM OLHAR FEMININO SOBRE O CRIME
O roteiro de Maníaco do Parque cria a protagonista Elena, interpretada por Giovanna Grigio, uma jornalista que desafia as expectativas impostas a ela como mulher em ambientes dominados por homens. A construção da personagem é feita com sutileza, mostrando suas vulnerabilidades, ambições e a luta constante para ser reconhecida em um campo que a subestima. Sua jornada profissional, ao mesmo tempo que desafiadora, se entrelaça com a busca por justiça para as vítimas do Maníaco do Parque. Ao mesmo tempo, a narrativa paralela de Francisco revela os artifícios de manipulação emocional e charme que ele usava para atrair suas vítimas.
REFERÊNCIAS AOS ANOS 2000 – NOSTALGIA COM UM PROPÓSITO EM MANÍACO NO PARQUE
O filme se passa nos anos 90, trazendo uma série de elementos nostálgicos que serão facilmente
reconhecidos pelo público “millennial”, como carros antigos, fitas VHS e os icônicos programas de TV da época. Esses detalhes não são apenas para criar uma ambientação fiel, mas também para reforçar a sensação de realidade e proximidade com os eventos retratados. As recriações de programas como Raul Gil e Sônia Abraão introduzem uma crítica ao sensacionalismo que permeava (e ainda permeia) a cobertura midiática de crimes, mostrando como a mídia pode distorcer e explorar tragédias para ganhar audiência. As reportagens reais inseridas ao longo do filme, como as do Jornal Nacional, adicionam uma camada de autenticidade e imersão à trama. A escolha de usar fotos e vídeos reais do criminoso intensificam o impacto emocional, transportando o espectador diretamente para o clima de comoção e medo que assolou a sociedade na época.
ATUAÇÕES – A ENTREGA DOS ATORES AO CASO REAL MANÍACO NO PARQUE
[Alerta de Spoiler!] Giovanna Grigio brilha como Elena, uma mulher determinada a fazer justiça em um mundo que constantemente subestima sua capacidade. Sua atuação é cheia de nuances, equilibrando momentos de força com vulnerabilidade, especialmente nas cenas finais, em que ela confronta o assassino cara a cara. Esse encontro tenso é o ponto alto do filme, onde Grigio transmite com intensidade todo o medo, frustração e força da personagem, criando uma conexão visceral com o público. Silvero Pereira, oferece uma interpretação do Serial Killer de forma bastante expressiva e literal, distinguindo de forma exata os momentos em que o personagem se transforma em um ser selvagem e sem sentimentos. Com essa dramatização quase teatral criada aqui, geram momentos que podem retirar o público da construção de tensão criada pela atuação peculiar dada ao Maníaco.
[Alerta de Spoiler] A cena em que Elena, após a prisão de Francisco, destrói o mural de sua investigação no apartamento da irmã é uma representação crua de seu desespero e exaustão. A visceralidade com que a atriz atua sobre a cena, repleta de gritos e um choro incontrolável, transmitem uma sensação de desamparo, mas também de catarse, refletindo o peso emocional de uma mulher que dedicou sua vida a buscar a verdade e a justiça para as vítimas.
CONCLUSÃO
Para o público feminino, especialmente, a obra de Maurício Eça ressoa como um alerta sobre a importância de discutir esses temas, mas não atinge o máximo potencial de uma história baseada em um crime real. Para aqueles que terão seu primeiro contato com o caso, através do longa-metragem, podem ficar confusos sobre a narrativa própria criada, que se distancia bastante ocorrido na realidade. Já para aqueles que se interessam por “True Crime” e querem uma adaptação fiel ao que de fato ocorreu podem se decepcionar pelo receio da trama de explorar mais afundo as violências feitas pelo protagonista
Colunista de Cinema: Marcus Silva!
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