Terrifier 3 estreou nesta quinta-feira (18 de outubro). O longa de Damien Leone traz de
volta o icônico palhaço Art, em um clima natalino espetacular. Agora com um orçamento
estratosférico em comparação ao segundo filme que custou 250 mil dólares, o terceiro filme
gastou 2 milhões para ser feito e o resultado é um filme com a mesma essência dos anteriores,
mas agora com um roteiro digno e um investimento cinematográfico visualmente impecável.
Continue conosco para saber mais!
O quesito efeitos práticos do palhaço contra as vítimas sempre foi o ponto forte da
franquia, não deixando decepcionar neste quesito. Com um investimento robusto o diretor pode
explorar sua criatividade com cenas inusitadas que podem chocar o espectador despreparado
para as travessuras feitas em tela. Os protagonistas do segundo filme Terrifier, Siena (Lauren LaVera) e Jonathan (Elliot Fullam), retornam ao terceiro filme da franquia, agora lidando com seus traumas, após os acontecimentos devastadores de Terrifier 2.
A jovem após sua recuperação no hospital psiquiátrico, passa a viver com seus tios, nos
apresentando a Gabbie, prima de Siena, uma típica adolescente estadunidense, com aquela aura
inocente e uma forte admiração pela sua prima mais velha. Passando a desejar ter a vida da
própria, desde espiona-la pela casa, até roubar o diário para conhece-la mais a fundo. Vemos
um crescimento das personagens em paralelo uma com a outra, fazendo de fato nos
importarmos com a sobrevivência das duas cumplices. Estabelece-se uma metáfora, que apesar
de clichê, é bastante interessante, entre as cicatrizes que a garota sofreu anteriormente, com a
sua saúde mental, abordando de forma bastante interessante a culpa e o remorso que a
protagonista sente pelas pessoas que perdeu durante a saga.
Por outro lado, seu irmão Jonathan, agora na faculdade, não adiciona muito a narrativa,
se não para apresentar outros dois personagens a trama. Seu colega de quarto que possui uma
namorada chamada Mia, dona de um Podcast de True Crime, tendo um papel de patricinha
estereotipada. Impulsionando ainda mais a crítica que o longa-metragem faz contra a
glamorização de crimes reais, reduzindo as vítimas a meros personagens de uma história que
se torna um produto para consumo para aqueles que como a personagem espetacularização um
acontecimento traumático, assim como aqueles que sobreviveram ao antagonista.
[Alerta de spoiler] Victoria Heyes, agora Vicky, morta na primeira obra, trazida de volta
na cena pós-créditos do segundo, agora se torna uma Side-Kick, ou seja, uma capanga de Art
para ajuda-lo com seus assassinatos. Maravilhosamente bem atuada pela Samantha Scaffidi, a
vilã tem um papel similar a famosa Arlequina, sendo uma figura engraçada e macabra, roubando
a cena varias vezes, sendo um dos pontos altos da produção.
Cabe ressaltar o destaque maravilhoso para o próprio vilão da trama, o palhaço Art
interpretado por David Howard Thornton, se tornou uma figura famosa na cultura pop, sendo
um viral nas fantasias de Halloween. Com a ausência de falas, a persona criada para a história
sem um dialogo sequer, consegue expressar todo o deboche e acidez necessárias, criando um
contraste impressionante entre o engraçado e o trágico.
A fragmentação na verdade é um problema constante no filme, visto que há um grande
elenco, mas com narrativas dividas, desconexas entre si, que de fato não impactam diretamente
na trama principal. Esta espécie de curtas durante o filme parecem ser uma marca registrada do
diretor, qual desde a primeira aparição do vilão no curta The 9th Circle, experimenta essa
dinâmica de apresentação do personagem a uma vítima que se engana com o visual cómico do
palhaço, em seguida revelando ser uma criatura sombria e perigosa.
[Alerta de Spoiler] em meio a bagunça do enredo, somos introduzidos a relação de Siena
com seu pai, um cartunista de quadrinhos daquelas clássicas histórias de super-heróis na vibe
Marvel e DC, como eram antigamente, sendo constantemente cobrado pela filha, ainda quando
criança a criar uma personagem feminina capaz de derrotar o vilão dos desenhos. Então surge
a heroína que servirá de base para o que a personagem se torna ao final do filme em seu embate
contra o palhaço maníaco. Explicando aqui a relação da espada do filme anterior com a
personagem das histórias como a única capaz de derrota-lo, criando uma metáfora religiosa de
uma salvadora angelical desde mal que assombra a garota.
Para aqueles que acompanharam a trajetória do vilão irão amar como todos os elementos
dos filmes Terrifier anteriores são elevados a décima potência. Já para aqueles que estão tendo seu
primeiro contato com o longa no terceiro ato, podem se assustar com os elementos usados pelo
diretor para chocar o público. No todo, é um filme que irá agradar (e muito) aqueles que amam
um terror mais “trash”, mas deixará confuso aqueles que não são familiarizados com o gênero.
Crítica de Terrifier 3 feita por Marcus Silva
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