Arca de Noé, nova animação brasileira, chega aos cinemas nesta quinta-feira! A animação traz muita diversão, aventura, cor, música, amizade e nostalgia.
Desde a primeira cena, a gente é lançado nas delícias melódicas de nossas músicas brasileiras, com dedilhados de uma MPB conhecidíssimo.
A história, que traz uma adaptação do poema de Vinícius de Moraes: “A Arca de Noé”, é uma viagem em nossa cultura, em nossa música, poesia e muita gargalhada boa.
SINOPSE
Na trama, Tom (Marcelo Adnet) e Vini (Rodrigo Santoro) são uma dupla de ratos inseparáveis que sonham em se tornar artistas reconhecidos. Sem sorte, os protagonistas são surpreendidos pela chegada de um dilúvio. E, para piorar, apenas um macho e uma fêmea de cada espécie são permitidos na Arca de Noé.
O talentoso guitarrista Tom consegue entrar, mas seu amigo poeta Vini acaba ficando de fora da arca. Durante a jornada, os animais brigam por território e alimentos. A solução encontrada é um concurso de música, no qual os personagens depositam toda sua energia, gerando momentos engraçados.
ARCA DE NOÉ, NAVEGANDO PELA HISTÓRIA
Tom e Vini, uma referência à Tom Jobim e Vinícius de Moraes, são dois ratinhos espertos e amantes da música, que buscam a arte como forma de conscientizar as pessoas e de viverem sua existência.
Do início ao fim, a dupla nos brinda com alguns clássicos da nossa música, espalhando a alegria, diversão e nostalgia pela história da animação.
A princípio acompanhamos algumas críticas em relação à crise ambiental, utilizando-se da comédia e da famosa história de Noé e seu encontro com Deus. A partir daí é só água e alegorias.
Tom e Vini acabam por se separar e, neste momento, vemos duas situações e dois pontos de vista em relação ao dilúvio. O ponto de vista dos sortudos que embarcaram na Arca, e o ponto de vista dos que tiveram de lutar para sobreviver fora da Arca.
A animação ganha vida e nos aproxima facilmente, em grande parte, porque trata-se de um filme brasileiro que consegue abrasileirar tudo! Da fotografia às gírias e isto é belíssimo, apreendendo não só a atenção das crianças, mas a de adultos, também.
O SUCESSO DA ARCA DE NOÉ
O sucesso desta conexão, a meu ver, atribui-se à vários elementos, a fotografia, as cores, geografia da animação, música, figurinos e, acima de tudo, a apropriação com a qual o elenco assume seu papel e interpreta cada um de seus personagens.
A interação entre os animais, suas histórias, as cores, a politização das histórias propostas, acrescentam um tom à mais no sucesso da trama.
Durante os 40 dias de chuva, várias confusões acontecem dentro da arca, traduzindo muito sarcasticamente o contexto político que acabamos por vivenciar em vários momentos da nossa história enquanto humanidade.
Nesta situação, a gente consegue perceber a sutileza nos discursos, os laços que são construídos, apresentando as crianças as possibilidades de resistência sem violência. É a tradução de uma minoria que luta para sobreviver a um governo antidemocrático.
O filme traz questões como, miséria, fome, classe social, famílias e suas formas de existência; com uma linguagem acessível e lúdica, podendo suscitar nas crianças uma visão democrática de humanidade e, em nós mesmos.
Essa sacada, para mim, é genial e traz esse peso ao filme que, ao mesmo tempo, é leve e divertidíssimo! Feito para toda família, sem dúvida.
ALGUNS PONTOS FRACOS
Eu diria que os pontos fracos se encontram nas lacunas entre as relações estabelecidas e diálogos, que poderiam e pedem um certo aprofundamento, mas acabam ficando por conta de o telespectador sequenciar.
De todo, não é ruim, até porque a gente traz uma possibilidade de filme que vai para as crianças e vai fazer sucesso com as crianças.
Entretanto, não podemos subestimar esse grande público, porque eles possuem total capacidade de entender politicamente e humanamente as questões propostas.
Os fatos sucedem bem rápido e, talvez, passe uma impressão um pouco “vazia”, para nós adultos, mas não para o público infantil, que acaba sendo mais agitado e gosta de ver essa dinâmica mais acelerada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem sombras de dúvidas, é um filme que vale a pena assistir, feito para a família, para as crianças e para as nossas crianças. Para quem conhece ou não Vinícius de Moraes e suas obras, o filme causa nostalgia.
É um filme que vem disputar diretamente com “Ainda estou aqui”, obra magnânima que chega aos cinemas, também, nesta quinta-feira.
Ainda assim, sem dúvida, vai ganhar público, principalmente o infantil! E, merece, porque foi uma produção de valor super alto e muito bem entregue.
Minhas ponderações finais são extremamente positivas, se você tem criança em casa e está com vontade de levar para um rolê no cinema, aproveita a deixa e segue com a cria para prestigiar esta obra nacional.
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