Ainda Estou Aqui estreia hoje, 7 de novembro, com Fernanda Torres e Selton Mello à frente de uma história que promete consagrar o cinema nacional nas premiações internacionais. Após exibições em diversos festivais globais, o filme é considerado um dos lançamentos mais aguardados do ano, com fortes expectativas de indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e de Fernanda Torres como Melhor Atriz.
Continue conosco nessa crítica para saber mais sobre esse filme brasileiro que promete muito!
No centro da trama, seguimos a família Paiva: o ex-deputado Rubens, sua esposa Eunice e seus cinco filhos, que vivem em um bairro nobre do Rio de Janeiro à beira-mar, onde a praia surge como um reflexo do auge e da serenidade familiar que logo será abalada. A ditadura, retratada de maneira sutil e inteligente, permeia o filme: a censura e as limitações de direitos são sugeridas em momentos que envolvem os personagens em uma tensão crescente, amplificada pelo som do rádio e as intervenções policiais. A performance de Fernanda Torres, no papel de Eunice, oferece uma visão sensível e visceral sobre luto e superação, com uma entrega emocional que marca todas as fases da protagonista, da juventude até a velhice, onde enfrenta a perda e o Alzheimer. Walter Salles conduz a direção com precisão, criando um retrato íntimo e nostálgico de uma família em meio ao autoritarismo, costurando cenas que culminam em um final impactante.
A FILMOGRAFIA
O filme captura um Rio de Janeiro ensolarado e vibrante, transportando o espectador para a década de 1970 com detalhes meticulosos – dos carros e embalagens ao cenário urbano. Essa atenção à época reforça a atmosfera e convida tanto os que viveram aquele período quanto o público mais jovem a imergir no contexto histórico e emocional dos Paiva.
Com um estilo visual notável, a fotografia e a edição remetem à estética dos anos 1970, intensificando o efeito nostálgico. A câmera de Vera, uma das filhas, adiciona uma camada intimista ao retrato familiar. Os tons vibrantes no início do filme acompanham a alegria dos personagens, escurecendo aos poucos para uma paleta fria que reflete a tragédia que transforma Eunice. A ditadura militar surge quase subliminarmente no cenário, com caminhões militares e patrulhas sugerindo uma ameaça latente. Desde cedo, a abordagem agressiva da polícia e a suspeita lançada sobre os personagens criam um contraste com o ambiente aparentemente idílico da praia.
AS ATUAÇÕES
O elenco é irretocável! Com destaque para Fernanda Torres, interpreta Eunice Paiva, uma matriarca determinada e sensível, mistura força e fragilidade de maneira única. Seu olhar melancólico e sorriso angustiado elevam a personagem, tornando sua jornada de superação uma experiência inesquecível.
Selton Melo também possui um destaque importante, a figura amorosa do pai é rica em nuances e é fácil acreditar que aquele homem ama e está disposto a fazer de tudo por sua mulher e filhos, sendo um dos pilares centrais para a narrativa incluindo Fernanda Montenegro em um papel especial, também contribui para a autenticidade emocional. A escolha de atores mirins que correspondem aos adultos é impecável, reforçando a continuidade e o vínculo entre as gerações.
(ALERTA DE SPOILERS) A reviravolta ocorre quando agentes militares invadem a casa dos Paiva, levando Rubens para um interrogatório forçado. Eunice e uma de suas filhas são também detidas e intimidadas, em cenas de tensão e medo que transformam o cotidiano da família. Após sua soltura, Eunice se vê em uma nova realidade: sem notícias do marido, precisa se reerguer por seus filhos. Mudando-se para São Paulo, ela se torna uma importante voz na luta indígena e no ativismo social, vivendo até seus últimos anos com o peso da ausência e a luta pela verdade e lutando contra a doença Alzheimer.
CONCLUSÃO DE ” AINDA ESTOU AQUI “
Ainda Estou Aqui é uma obra impecável, que reafirma o cinema nacional. Emocional e esteticamente envolvente, o filme coloca-se ao lado de clássicos do cinema brasileiro, como Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007), oferecendo uma experiência única, de fato uma importante experiência de se assistir nas telas do cinema! O longa é inesquecível ao revisitar uma era chocantes da história brasileira com sensibilidade e bastante visceralidade.
Por Marcus Silva
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