Considerando o sucesso de Angelina Jolie em Hollywood – que inclusive – a garantiu seu Oscar pelo papel em Garota Interrompida (1999), a atriz tem focando nos últimos anos em filmes ‘pipoca’ que fazem muito sucesso de bilheteria, mas que não são o foco das grandes premiações. Sendo Maria Callas o ponto de retomada da atriz ao drama em uma performance artística impressionante.
Após o sucesso de Spencer (2021), indicado em diversas premiações e festivais, que contou a história da princesa Diana, de Gales, de forma introspectiva e artística quanto às suas lamentações. Aqui conhecemos a cantora de ópera greco-americana mundialmente conhecida por La Callas, que, no longa, a personagem atravessa o período mais frágil de sua vida, com a trama ambientada em seus últimos anos, quando esteve afastada dos palcos devido a problemas nas cordas vocais.
Analisando esse período que viveu em Paris na década de 70, conhecemos seus empregados que se tornaram a família da cantora naquele ponto, acompanhando sua rotina, e a luta contra o vício em remédios e sua fragilidade mental que é construída por flashbacks de seu passado, assim como entrevistas concedidas a um jovem que a acompanhava durante a trama. Nos flashbacks, exploram-se tanto a relação da personagem com a mãe quanto o envolvimento amoroso com um magnata grego. Esses dois vínculos, marcados por abusos e restrições, foram decisivos para abalar sua saúde mental, da convivência opressiva e carente vivida na juventude com a mãe, até o relacionamento intenso, porém escondido, com o amante que a proibiu de cantar por anos.
Analisando este ultimo filme da trilogia do diretor chileno Pablo Larraín sobre o peso da fama sobre três mulheres que marcaram a história, reafirma seu tato para retratar de forma bela através da cinematografia, em Maria Callas, Paris por um olhar glamuroso, porém cotidiano, permitindo ao espectador acompanhar a cantora pelas ruas e os cafés que frequentava.
A trilha sonora é composta majoritariamente pelos vocais de Angelina Jolie, que nunca havia feito antes do longa, sendo uma grande surpresa a entrega da atriz à personagem que não apenas consegue trazer a forma elegante de Maria, como também emocionar o público por conseguir replicar a emoção que seus fãs da época sentiam ouvi-la cantar, ao mesmo tempo que, consegue trazer dramatização a frustração pela perda do alcance vocal através de sua atuação. A paixão pela música é a sua razão de viver, como também sua ruína; ao passo que cada vez mais atingia a fama e sucesso, mais sua saúde física e psicológica se deteriorava. Sendo seu contato com os fãs o pouco de respiro que Maria possuía em seus últimos dias de vida.
Maria Callas é uma obra chique e apropriada, porém a repetitividade que o longa utiliza como as entrevistas e os passeios por paris que acontecem diversas vezes durante o enredo são apenas artifícios do diretor de explorar seu senso artístico, que tenta replicar a filmografia de Spencer, que, ao explorar o castelo e o campo que Diana frequentava permitia que o público se conectasse a vida da personagem. Porém, neste filme ao replicá-lo, torna-se pouco aprofundado e irrelevante para o desenvolvimento da narrativa. A performance de Angelina Jolie consegue mascarar a pouca inovação no roteiro, conseguindo utilizar da bela estética do filme para trazer tanto a elegância da cantora, como também emoção aos pontos frágeis de sua vida, sendo uma experiência bela e única de ser assistida nas telonas, para explorar o cuidado primoroso sob a trilha sonora e os visuais do longa.
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